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Carta ao Senador Aloízio Mercadante

17 de julho | 2006

BEBEDOURO, 13 de JULHO de 2006.

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Prezado Senador Aloízio Mercadante,

A Associtrus vem manifestar sua indignação pela forma como tem sido tratada nas negociações que o senhor está tentando mediar, entre os citricultores e a indústria de processamento.

Vínhamos negociando com a Cutrale o Consecitrus e já havíamos organizado a renegociação dos contratos em andamento, quando fomos surpreendidos pelo convite para a reunião em seu gabinete em Brasília, sem que fôssemos informados sobre a pauta da reunião nem sobre os participantes.

Ao lá chegarmos, fomos novamente apanhados de surpresa ao constatarmos a presença de representantes de vários ministérios, deputados, altos executivos de várias empresas processadoras-entre os quais o controlador da Cutrale -, diretores e conselheiros do Fundecitrus, Abecitrus, FAESP, todos eles acompanhados de vários representantes e advogados, com a nítida preocupação de interferir nas investigações sobre a cartelização do setor e evitar que os documentos da “Operação Fanta” fossem abertos.

Em nenhum momento pudemos notar qualquer sensibilidade com a situação dos citricultores, que há mais de 15 anos vêm sendo explorados pelo cartel e com as conseqüências econômicas e sociais advindas dessa ação. Ficou patente, já na primeira reunião, o tratamento privilegiado da indústria, ao ser recebida, sem a presença da Associtrus, na abertura e no encerramento da reunião.

Detectamos também um claro movimento no sentido de isolar a Associtrus e atribuir à FAESP os eventuais “ganhos” advindos da negociação. Participamos a contragosto das reuniões na sede da FAESP e verificamos também que houve uma ação no sentido de bloquear o acesso da Associtrus à mídia e que a FAESP está recebendo informações que não são compartilhadas conosco.

A nosso ver, há um trabalho, envolvendo a indústria, a FAESP e o governo, de “salvar” a indústria , e impor à Associtrus e aos citricultores um acordo que oferece um reajuste ridículo aos contratos existentes, exclue tanto o Consecitrus como a possibilidade da volta da colheita e frete para as industrias o que só as beneficiarão, em detrimento dos citricultores, dos trabalhadores rurais, dos municípios citrícolas e do país.

O apoio do PT e do Governo federal à industria processadora, que tem um histórico de desrespeito ás leis, aos trabalhadores, aos produtores rurais, ao próprio governo e ao país, deixa-nos perplexos e indignados, principalmente quando vemos que o discurso e a prática do seu partido estão cada vez mais distantes.

O cancelamento da reunião do dia 10/7 , de que a Associtrus só tomou conhecimento quando já estávamos na sede da FAESP, embora todos os demais já soubessem desde o dia 7/7 que a reunião não se realizaria, acrescido do fato de que a Associtrus não recebeu o texto preparado pela FAESP e encaminhado à indústria e aos demais participantes levam-nos à decisão de não mais participar das negociações, a menos que o instrumento que segue anexo para discussão seja a base do acordo para concessão do bônus de US$ 1,20, pois não abriremos mão do compromisso de garantir ao produtor condições para participar dos ganhos do setor e uma renda que seja compatível com os investimentos e riscos assumidos.

Respeitosamente,

Flávio de Carvalho P. Viegas

Associtrus-Associação Brasileira de Citricultores

-Presidente-

Clique AQUI para ler o contrato preliminar entre as indústrias de suco e a Associtrus encaminhado ao senador.