Superficial e desatualizada, a metodologia de cálculo de custos de produção ainda adotada por boa parte dos citricultores paulistas carece de uma revisão que leve em consideração aspectos que ganharam importância nesse mercado nos últimos anos. |
O diagnóstico é de Margarete Boteon, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq). Segundo ela, muitos produtores de laranja ainda precisam melhorar suas práticas de gestão para organizar os negócios e minimizar surpresas derivadas oscilações do mercado. |
Melhores práticas de gestão também tendem a colaborar nas negociações entre citricultores e indústrias de suco sobre a definição de valores para os contratos de longo prazo de fornecimento da fruta para a produção da bebida, ainda que Margarete evite estabelecer esse vínculo. |
Foco de freqüentes divergências e ações na Justiça, tais contratos voltaram a motivar uma série de reuniões da cadeia paulista – a mais importante do mundo – desde o ano passado. No momento, o próprio secretário de Agricultura de São Paulo, João Sampaio, lidera uma rodada de encontros em busca de parâmetros para uma melhor convivência no segmento. |
De acordo com Margarete, especialista em citricultura – e que participou do último encontro promovido por Sampaio -, boas práticas capazes de garantir uma produção sustentável devem necessariamente contemplar fatores ligados ao desembolso de capital, à reposição patrimonial e ao custo de oportunidade. |
No caso da laranja, a reposição patrimonial deve levar em conta os riscos fitossanitários derivados do avanço de doenças como o greening, e o custo de oportunidade passa pela comparação com os retornos oferecidos por aplicações financeiras ou pelo arrendamento de terras para o plantio de cana, por exemplo. |
De um modo geral, explica a pesquisadora, o Cepea tem uma metodologia de boas práticas de administração desenvolvida e aplicada em cadeias como a de grãos. A possibilidade de que ela seja adaptada para a laranja será discutida amanhã no Centro de Citricultura em Cordeirópolis (SP) durante o VII Dia da Laranja. |
Fernando Lopes
Fonte: Valor