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Citricultor abandona negociação com indústria do suco

06 de junho | 2006

Araçatuba, 06 – Produtores de laranja ligados à Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus) decidiram abandonar as negociações com as indústrias de suco para estabelecer um preço mínimo dos contratos de entrega da fruta. A decisão foi tomada na sexta-feira e representa uma tomada de posição radical da associação contra a indústria.

O impasse ocorre porque os empresários não aceitaram a reivindicação dos produtores, de reajustar o preço da caixa em R$ 3,00, e ofereceram um valor entre US$ 0,40 e US$ 0,60, o que não foi aceito pelos citricultores. Os reajustes estavam sendo discutidos como uma forma de a indústria repassar parte dos ganhos obtidos com os furacões nos Estados Unidos.

Os produtores argumentam que o custo de produção da caixa de laranja é de R$ 15,00, para ser vendida a R$ 8,00. De acordo com Flávio Viegas, presidente da Associtrus, estudos da FNP – empresa de consultoria e informação especializada em agronegócio – apontaram que o preço da caixa deve ser multiplicado por 2,5 vezes em dólar e em 4 vezes em reais para a atividade ser lucrativa para os produtores.

A Associtrus ameaça agora entrar com medidas judiciais para continuar com os processos de cartel contra a indústria. Antes do impasse, havia disposição dos produtores e da indústria de entrar em acordo para amenizar o impacto dessas ações. Agora, a associação ameaça até atuar como terceira interessada nos processos judiciais envolvendo as indústrias, inclusive os relacionados à Operação Fanta, da Polícia Federal.

Por outro lado, segundo Viegas, a falta de um preço justo pode levar os produtores a romper contratos e a não mais fornecer para a indústria na próxima safra, que começa em junho, e depois trocar as plantações de laranja por canaviais – cujas usinas pagam melhor do que a indústria de suco. No entanto, Viegas disse acreditar que a decisão da Associtrus poderá sensibilizar a indústria para uma nova tentativa de acordo.

Mas não foi o que aconteceu ontem. Nem representantes da indústria nem de produtores compareceram a uma nova reunião prevista na Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp) para debater o assunto.

(Crédito: O Estado de S. Paulo)