Notícias
Últimas Notícias
Citricultura enfrenta nova broca
23 de agosto | 2007
“O besouro tem atacado no sudoeste paulista, para onde os pomares migraram justamente para fugir de pragas”
Um besouro que mede entre 1 e 2 centímetros é a nova praga dos laranjais em São Paulo. O primeiro foco foi registrado em 2000, em Mogi-Guaçu. Ali, o besouro foi combatido e controlado, mas novas infestações surgiram, a partir de 2005, em laranjais de Itatinga e Taquarituba, no sudoeste. A última infestação foi constatada este ano, numa plantação de Coronel Macedo, também no sudoeste. A região é a nova fronteira da citricultura paulista, para onde migraram muitos produtores do norte do Estado, justamente para se livrarem de pragas e outros problemas sanitários.
’A distância entre as ocorrências indica que a praga está se espalhando’, diz o pesquisador Laerte Machado, do Instituto Biológico de Campinas. O besouro foi identificado como sendo da espécie Cerambycidae e ainda não tem controle químico ou biológico. O inseto deixa ovos sobre os galhos e, ao eclodirem, surgem larvas de até 3 centímetros. Essas larvas penetram na casca, produzindo incisões de um lado ao outro do ramo.
Com isso, interrompem a passagem da seiva e causam a morte do galho. O citricultor não tem outra alternativa senão retirar os galhos afetados, que murcham e secam. O pesquisador constatou que a larva se aloja na parte cortada da planta, daí a necessidade de incinerar os ramos secos. Como o controle é manual, com a eliminação das partes afetadas, há necessidade de mobilizar pessoal, o que aumenta o custo de mão-de-obra.
Em Coronel Macedo, a praga infestou talhões de uma plantação com 250 mil pés de laranja. O proprietário, Lourival Mônaco, teve de contratar 28 trabalhadores para retirar os galhos infestados. Houve perda de 10 caixas de laranja/hectare. De acordo com Machado, nos pomares infestados a média foi de 10 a 15 galhos cortados/planta, o que significa perda de 250 a 700 frutos.
’Quanto mais se demora para fazer o controle, maior é o dano’, diz Machado. Segundo ele, esse besouro é diferente de outras brocas, pois não deixa vestígios da sua chegada ao pomar, como a serragem expelida ou marcas de galerias nos galhos. É possível saber se a parte seca decorre da ação do inseto, pois o corte provocado pela larva deixa o ramo fácil de ser quebrado. Machado explica que já havia ocorrência de ataques esporádicos do besouro, mas não de forma maciça. No caso de Itatinga, houve reinfestação depois que a broca já tinha sido controlada.
O inseto está sendo esmiuçado em laboratório, onde são mantidas criações de larvas com dieta artificial. O objetivo é conhecer a biologia e o comportamento do besouro. Também haverá experimentos em Taquarituba, na tentativa de criar armadilhas ou identificar inimigos naturais.
INFORMAÇÕES: Instituto Biológico de Campinas, tel. (0–19) 5087-1742
Fonte: O Estado de SP – José Maria Tomazela