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Citrus: Produtores de laranja insistem em ação antitruste
10 de outubro | 2006
Processadores propõe acordo no valor de US$ 100 milhões para fim de investigação
O líder de um grupo de produtores de laranja alertou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a não suspender uma investigação sobre processadores de suco de laranja em troca de uma multa paga ao governo e da criação de um fundo para produtores. Citricultores brasileiros acreditam que a indústria lhes pagou bilhões de dólares a menos do que deveriam durante anos. Produtores frustrados têm optado pela cana-de-açúcar, que é mais rentável. Essa troca ameaça debilitar a indústria de suco de laranja do Brasil, maior exportador mundial.
O presidente da Associtrus, Flávio Viegas, reclamou em uma entrevista sobre um acordo proposto segundo o qual o Cade poderia suspender as investigações em troca de um pagamento de R$ 100 milhões pelos maiores processadores locais de laranja. “Isso é completamente inadequado”, disse ele à Reuters em Bebedouro (SP), região responsável por 70% da produção nacional de suco de laranja e por praticamente todas as exportações de suco do Brasil.
Viegas, que representa produtores de laranja militantes, estimou que produtores tenham tido perdas de quase US$ 3 bilhões nos últimos 15 anos devido a preços artificialmente baixos.
Após as reclamações de produtores, o Cade iniciou uma investigação em 1999. Em janeiro último, a Polícia Federal lançou a Operação Fanta, apreendendo computadores e documentos de escritórios de empresas processadoras como Cutrale, Citrosuco, Citrovita, Coinbra e Montecitrus.
Viegas reclamou que desde então, os computadores permanecem lacrados e os documentos não foram lidos.Um porta-voz do Cade afirmou, na terça-feira, que nenhum acordo foi assinado com a indústria de suco e que o caso está sendo analisado.
A Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), que representa a maioria dos produtores de laranja, já aceitou a proposta de um acordo, assim como um aumento nos preços para até US$ 4,50 pela caixa de 40,8 quilos este ano, em comparação a US$ 3,50 dólares.
Sem acordo – Viegas, porém, afirmou que não vai assinar qualquer acordo com a indústria até que ela aceite um sistema de preços mais justo e um novo modelo contratual. “Nós queremos um aumento imediato para R$ 15 por caixa e um contrato parecido com o utilizado pelo setor de cana-de-açúcar”, disse. Ele afirmou que os preços atuais praticamente não cobrem os custos e que os produtores querem uma fatia dos lucros auferidos pela indústria depois que furacões na Flórida levaram os preços internacionais para os maiores níveis em 15 anos.
Viegas disse que a indústria investiu os ganhos extras que tiveram recentemente em plantações próprias. “Há uma tendência crescente de verticalização”, disse, estimando que o setor industrial já possui cerca de 30% das árvores.
Viegas estima que os processadores investiram US$ 2,7 bilhões no Brasil entre 1990 e 2005, incluindo US$ 1,1 bilhão em terras, plantio e renovação de pomares. Além disso, a Cutrale e a Citrosuco compraram fábricas de suco de laranja na Flórida, antes pertencentes à Coca-Cola Co. e PepsiCo Inc. .
Fonte: Jornal do Commercio – RJ