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Clima: La Niña traz chuvas irregulares até março de 2008

17 de novembro | 2007

A estiagem ocorrida em grande parte das regiões produtoras até meados de outubro dá lugar a chuvas irregulares a partir de novembro, refletindo uma combinação do aumento sazonal da umidade e da tendência de tempo seco provocada pelo fenômeno La Niña, de acordo com meteorologistas. Lavouras localizadas em áreas com clima semi-árido, como o sertão da Bahia e o norte de Minas Gerais, podem ser especialmente afetadas pela intermitência das chuvas, de acordo com Celso Oliveira, meteorologista da Somar. O problema não é quanto vai chover, mas quando vai chover. Você pode ter as chuvas de um mês em um dia e ficar sem chuvas no restante do período, segundo Oliveira. Segundo o meteorologista, na Bahia, deve haver bastante irregularidade em relação às chuvas, o que poderia trazer sérios riscos às safras de ciclo curto, como a do feijão. Culturas com um ciclo de cultivo mais longo, como a soja e o algodão, não devem passar por grandes problemas. Na porção norte do Espírito Santo, a situação também deve ser de chuvas erráticas. A previsão é de normalização, mas a situação é parecida com a da Bahia e a do norte de Minas Gerais. O norte capixaba teve chuvas favoráveis durante a época da florada das lavouras de café robusta, em agosto, e também durante setembro. Atualmente, porém, a região sofre com uma seca que se estende desde meados de outubro. A escassez prolongada representa um perigo potencial para a safra. O cultivo de café arábica da região Sudeste, cujo florescimento foi despertado tardiamente no final do mês passado com a chegada das chuvas, também devem ser afetados pela irregularidade na distribuição das chuvas. A região Sudeste corre o risco de ter temporais seguidos de períodos bem secos. Isso não é interessante para o café e pode se repetir até janeiro do ano que vem, segundo Mozar de Araújo Salvador, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Outra conseqüência da baixa umidade provocada pelo La Niña foi o atraso do plantio da soja nas áreas produtoras, o que poderia interferir também na semeadura do milho safrinha, que ocorre logo após a colheita da oleaginosa. Por conta da seca que se prolongou em parte do Mato Grosso, Goiás, Paraná e outros Estados, os produtores de soja foram obrigados a esperar pela chuva, atrasando o plantio em um mês, segundo Araújo, acrescentando que os agricultores têm intensificado o trabalho para tentar recuperar o tempo perdido. De acordo com Oliveira, da Somar, a previsão é de normalização do regime de chuvas sobre as regiões produtoras de soja. Oliveira alertou para um potencial crescimento da incidência de ferrugem durante os meses de verão, devido ao aumento da umidade, assim como para problemas no momento da colheita da soja precoce, em fevereiro, por conta da ocorrência de chuvas. A previsão para a região Sul do Brasil, segundo o meteorologista, é de chuvas mais escassas no fim do ano, o que poderia afetar a produção agrícola local. A produção observada no ano passado em toda a região dificilmente será verificada neste ano. Principalmente no Rio Grande do Sul, segundo Oliveira. O clima foi bastante favorável para o desenvolvimento das lavouras na safra passada. No entanto, para Araújo, do Inmet, as frentes frias que antes estacionavam sobre a região, provocando temporais, agora devem avançar sobre as demais áreas do território. Isto diminuirá a intensidade das chuvas, mas não deve comprometer a atividade agrícola de forma preocupante. O fenômeno climático La Niña é caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, que interfere no clima brasileiro, e deve durar até março de 2008. Fonte: Reuters. Revisado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.