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Cutrale admite mudar contratos com fornecedores
10 de fevereiro | 2006
Em reunião realizada ontem em Araraquara (SP) com representantes da 15ª Procuradoria Regional do Trabalho e da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), a Cutrale, maior exportadora de suco de laranja do país, aceitou negociar mudanças nos parâmetros dos contratos que firma com seus fornecedores terceirizados da fruta.
A empresa também propôs realizar a colheita nos pomares de suas próprias fazendas apenas com funcionários registrados.
Um executivo da Cutrale que participou do encontro de ontem informou ao Valor que ainda não existe nada definido a respeito dos novos parâmetros que serão adotados, mas disse que a idéia é que as negociações sejam feitas em comum acordo com os citricultores, de forma “a aumentar os benefícios aos produtores e reduzir o risco para a indústria”.
Conforme o mesmo executivo, a Cutrale trabalha hoje com cerca de 3,4 mil fornecedores de laranja, e conta com 38 fazendas próprias em São Paulo (principalmente) e Minas Gerais.
De acordo com Flávio Viegas, presidente da Associtrus, a audiência de ontem em Araraquara foi de conciliação, uma vez que há duas sentenças que já transitaram em julgado que determinam que a Cutrale não pode terceirizar a colheita de seus pomares.
Viegas adiantou também que uma nova reunião sobre o tema está marcada para o dia 7 de março. Mas, ainda que nada tenha sido definido, o representante dos citricultores mostrou-se otimista.
Para ele, é importante que esse “novo contrato” proposto pela Cutrale contemple aspectos como o estabelecimento de um acordo básico com cláusulas claras e objetivas, premiação de acordo com a qualidade da fruta e preço mínimo. Viegas também entende ser preciso prever mudanças nos preços acertados de acordo com as oscilações das cotações no mercado.
O presidente da Associtrus acredita que, se a Cutrale aceitou negociar, as outras três grandes indústrias de suco do país (Citrosuco, Coinbra e Citrovita) também poderão concordar em sentar à mesa, o que fortalece a intenção da Associtrus de reviver o “contrato-padrão” extinto em 1995 por decisão do Cade – em processo aberto na época pelos próprios citricultores.
O contrato-padrão era negociado por todas as grandes indústrias com representantes dos fornecedores, que chegavam a um denominador comum normalmente após meses de conversações.
Ademerval Garcia, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), que reúne todas as indústrias citadas, disse que a iniciativa da Cutrale não significa que a própria e as demais empresas aceitarão uma volta ao contrato-padrão. Garcia afirmou que, também por decisão do Cade, a Abecitrus atualmente não pode participar de eventuais negociações nesse sentido.
(Crédito: Fernando Lopes – Valor Econômico)