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Estudo comprova baixa remuneração dos citricultores.

16 de maio | 2007

Os citricultores paulistas foram mal remunerados na safra passada de laranja. É o que indica um levantamento feito Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP).
Entre as conclusões do estudo, os pesquisadores apontam que o preço pago pela laranja ao produtor em São Paulo aumentou em média 38% entre as safras de 2003/2004 e 2006/2007, com o preço da caixa de 40,8 quilos passando de US$ 3,05 para 4,20. Nesse mesmo período, o suco no mercado internacional teve uma valorização de até 150%, subindo de US$ 1 mil para US$ 2,4 por tonelada. Considerando os contratos renegociados pelos citricultores nesta safra, o aumento registrado no valor pago ao produtor paulista foi de 48%, o que equivale a US$ 4,5 por caixa. O Cepea confirma com os reajustes que o setor produtivo não foi remunerado na mesma proporção da alta dos preços internacionais, estimulados em safras anteriores pelos furacões e pela conseqüente queda de produção nos pomares da Flórida.
Segundo Margareth Boteon, pesquisadora do Cepea, é preciso redefinir mecanismos de remuneração na citricultura paulista, caso se objetive estimular a atividade em tempos de expansão da cana.
A demanda pela fruta por parte da indústria paulista ainda continuará elevada e Margareth ressalta que as indústrias estão com os estoques zerados, precisando da fruta. “A rentabilidade do produtor vai depender muito do tipo de negociação que ele tem com a indústria”, afirma.
Ontem, o presidente da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas, se reuniu com Reinhold Stephanes, ministro da Agricultura, para denunciar, segundo a associação, a realidade dos citricultores que sofrem com a cartelização do mercado pelas processadoras de suco e os contratos que não cobrem sequer o custo de produção. De acordo com Viegas, o ministro se comprometeu a encaminhar os assuntos referentes ao setor produtivo citrícola.

Produção

O estudo do Cepea divulgado ontem mostra ainda que o suco de laranja deve continuar bem cotado. “O efeito dos furações sobre o mercado não foi passageiro”, avalia Margareth. As estimativas indicam que a safra da Flórida, segundo maior Estado citrícola do mundo, não será muito superior ao do ano passado.
Há quem acredite que a próxima safra da Flórida alcance 180 milhões de caixas de 40,8 kg. “Mas acho está estimativa muito otimista”, acrescenta.
A safra da Flórida começa em outubro e se entende até maio de 2008. Segundo a pesquisadora, se os norte-americanos produzirem em torno de 140 milhões de caixas, nada deve mudar em termos de preços. Os preços só recuaríam se a produção se aproximasse de 160 milhões de caixas, mesmo assim mantendo os patamares dos últimos 15 anos. “Somente uma safra acima de 200 milhões de caixas poderia fazer os preços recuarem significativamente, mas isso deve ser difícil. Vamos aguardar a previsão que deve ser divulgada a partir de agosto”, acrescenta Boteon.
Muitos especialistas acreditam que a Flórida só poderá retornar a produzir mais de 200 milhões de caixas (como antes dos furacões), somente daqui há 10 anos
Já a produção de São Paulo, que fornece 90% da produção para a indústria brasileira de suco, deve subir para 360,1 milhões de caixas em 2007/2008, segundo o governo, ante 348,4 milhões de caixas 2006/2007. A safra começará oficialmente em junho.

Fernanda Manécolo
Fonte: Tribuna Impressa