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Ex-banqueiro quer retomar os investimentos no campo.

29 de março | 2007

Dois discretos “fatos relevantes” enviados pela CTM Citrus à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) poderão resultar em uma significativa mudança na postura do Grupo Marambaia, presidido pelo ex-banqueiro Luiz Cezar Fernandes, em relação a investimentos no setor de agronegócios.

No último dia 19, a CTM sinalizou a intenção de transferir as ações representativas da Citromatão, hoje sob seu total controle, para a sua própria controladora, a holding Marambaia Investimentos e Participações. O valor da alienação foi fixado em R$ 42,910 milhões, ainda que a holding e as duas empresas estejam nas mãos dos mesmos acionistas.

Ontem, a CTM Citrus voltou à carga e informou que convocou uma assembléia para os próximos dias para apresentar uma proposta de reforma dos estatutos que prevê a alteração de sua denominação para “CTM Energia Renovável” e adaptações para sua admissão no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

As mudanças, explicou Fernandes ao Valor, são os primeiros passos para viabilizar aportes nos dois segmentos mais pujantes do agronegócio em 2006: agroenergia e citricultura. No primeiro o ex-banqueiro ainda não investiu, mas a “nova” CTM será habilitada para isso com a inclusão em seu objeto social de atividades relacionadas ao processamento de cana e à produção de biocombustíveis. No segundo, a empresa já chegou a responder por 4% das exportações brasileiras de suco de laranja, mas está fora do mercado desde 2005.

“Na citricultura, estamos falando do renascimento de uma operação, em uma nova estrutura”, disse ele. A Citromatão continuaria como gestora desses negócios, com frutas próprias e fábrica própria para a produção de suco, mas para isso o ex-banqueiro ainda depende de parcerias com outros investidores. “E não sei se vale a pena disputar o mercado de São Paulo. Estamos prospectando oportunidades no Nordeste, no Vale do São Francisco e em Sergipe”, afirmou.

Na frente “agroenergética”, a fórmula também prevê associações com investidores ou mesmo com grandes grupos familiares que atuam na área de açúcar e álcool. “Aqui também não queremos disputar regiões tão nobres como Ribeirão Preto. Já o triângulo mineiro, por exemplo, é interessante por apresentar terras planas e férteis”, revelou.

O ex-banqueiro lembrou que, atualmente, suas operações no campo estão restritas à Marambaia Agropecuária, que cria ovinos e faz seleção genética desses animais na região de Petrópolis (RJ). Essas atividades, afirmou, rendem faturamento entre R$ 2,5 milhões e R$ 3 milhões por ano. No total, o grupo faturou cerca US$ 14 milhões em 2006, provenientes principalmente das reestruturações operacionais e financeiras costuradas por Fernandes para outras empresas. O Marambaia também tem negócios no setor de tecnologia.
Fernando Lopes
29/03/2007
Valor