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Exportações de suco têm alta de 64,78%
13 de julho | 2007
Especialistas analisam atual safra da laranja em alta devido à menor oferta no exterior
Pela 1ª vez, as exportações de suco concentrado de laranja chegaram a R$ 2 bilhões. Dados são da Secretaria de Comércio Externo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, referentes à safra 2006/07 encerrada oficialmente no dia 30 de junho. Comparando com a safra 2005/06, o crescimento foi de 64,78%, e a tendência é aumento de 85,24% no envio do produto para o mercado exterior, se for comparado o mesmo período em 2006.
O pesquisador Frederico Fonseca Lopes, do Centro de Conhecimento em Agronegócio da Universidade de São Paulo, analisa o crescimento nas exportações do suco de laranja como fruto do aumento do preço do suco no mercado mundial, provocado pela menor oferta de laranja devido à redução da produção dos pomares da Flórida, prejudicados por furacões e doenças. “O aumento do preço compensou a queda em torno de 5% do volume exportado de suco de laranja”, diz Frederico.
O pesquisador já analisava esta tendência de crescimento das exportações no livro “Caminhos para a Citricultura”, transcrevendo o seguinte trecho: “o consumo cresce a uma taxa de 2% a 4% ao ano. Dois terços das exportações vão para a União Européia a 17% para os Estados Unidos, que voltaram a importar volumes expressivos depois dos últimos furacões. A Ásia tem grande potencial de aumento de consumo. Problemas climáticos na Flórida e doenças em geral fizeram com que os preços do suco exportado brasileiro aumentassem cerca de 65% em 2006”.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior indicam que de janeiro de 2000 até o mesmo período deste ano, o preço médio da tonelada do suco de laranja exportado pelo Brasil oscilou entre US$ 617 e US$ 1.476.
Um indicador da alta dos preços é o valor registrado na Bolsa de Nova York, evidenciando o balanço entre oferta e demanda mundial. Os impactos provocados por fenômenos climáticos na produção citrícola da Flórida foram captados rapidamente pela Bolsa. A partir de setembro de 2004, o preço da tonelada passou de mil dólares, chegando aos US$ 2.884 em dezembro/2006, maior cotação nos últimos 16 anos. Desde abril de 2006, a cotação média mensal na Bolsa de Nova York sempre foi acima dos US$ 2 mil/tonelada.
As cotações mensais obtidas pelo suco de laranja, tanto na Bolsa de Nova York como os preços de exportações registrados pela Secretaria de Comércio Externo, dão indícios que o mercado internacional passará por um período de escassez na oferta mundial do produto diante de uma demanda crescente, paulatinamente, nos países do Leste Europeu, Oriente Médio e Ásia. Porém os preços altos do suco de laranja podem estimular a substituição pelos engarrafadores por outros sucos, como por exemplo, maçã e uva. Isso poderá reduzir a demanda de suco de laranja. O varejo pode pressionar reduzindo o shelf space, ou seja, espaço de prateleira no supermercado, pois tem dificuldade de aumentar o preço de venda ao consumidor.
Nos países em desenvolvimento, o consumo de suco in natura deverá continuar aumentando, e o mercado interno também deverá crescer.
O potencial existente na América Latina para o consumo de bebidas em geral foi estimado em 216 bilhões de litros por ano, 388 litros por habitante anualmente, e poderá ganhar mercado em cima dos refrigerantes.
Frederico também analisa o mercado interno, onde o preço médio da caixa de 40,8 quilos de laranja, destinada às indústrias, em 2006, ficou 33% acima do preço médio praticado no ano anterior. Ela afirma que os preços vêm evoluindo, chegando ao valor de R$ 14,26 por caixa em dezembro de 2006. A partir de julho de 2006, os preços alcançaram dígitos, com tendência de crescimento em 2007.
Quando se faz a conversão para dólares, a valorização do real mostra que os valores, no final de 2006, superaram os US$ 5,50/caixa, diante de preços que ficaram ao redor de US$ 2 por caixa em 2004.
Mas a valorização da moeda brasileira aumentará os custos da produção agrícola, compara o pesquisador, calculados os gastos com trabalhadores na colheita e no transporte da fruta.
Fonte: Gazeta de Bebedouro, 13 de julho de 2007