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Frio na Califórnia faz suco disparar.

18 de janeiro | 2007

VALOR – 18/01/2007 Fernando Lopes

As catastróficas previsões de danos climáticos nos pomares da Califórnia, segundo maior Estado produtor de laranja dos EUA, tiveram efeito retardado no mercado de suco na bolsa de Nova York. Na terça-feira, quando foram divulgadas estimativas de quebra de até 75% da produção californiana, a commodity registrou leve queda em razão da ação de especuladores. Mas ontem, pelo mesmo motivo, os preços dispararam e voltaram ao maior nível desde dezembro – quando vigorava o mais elevado patamar em 16 anos.

Os contratos para março fecharam a quarta-feira a US$ 2,0755, em alta de 710 pontos, ao passo que os futuros para maio subiram 635 pontos, para US$ 2,0385. “A Califórnia não é tão importante assim [para a formação de preços do suco], mas os estoques estão tão baixos no mercado, e a reposição está tão pequena, que toda notícia minimamente negativa passa a ter uma expressão muito grande”, afirma Maurício Mendes, presidente da Agra-FNP.

Ele explica que a Califórnia produz basicamente a fruta de mesa, voltada sobretudo para consumo nos EUA, no Canadá e na Ásia – ao contrário da Flórida, maior Estado produtor do país, que destina cerca de 90% de sua hoje combalida safra para a produção de suco. O problema é que em 1998, quando a Califórnia também enfrentou frio intenso e quebra de safra, foi à Flórida que os compradores de laranja de mesa recorreram. E como normalmente o mercado da fruta de mesa paga melhor, os preços na Flórida quase dobraram. “Isso não significa que isso vá acontecer agora, até porque naquela época a base de preços era bem mais baixa”, diz.

Diante desse cenário, no qual há quem preveja perdas de US$ 1 bilhão na Califórnia, passou quase despercebida a notícia de que as exportações de suco do Brasil caíram 5,6% na comparação entre os seis primeiros meses das safras 2006/07 e 2005/06. Segundo a Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus), de julho a dezembro do ano passado (primeira metade de 2006/07), os embarques somaram 651.761 toneladas. No “ano civil” 2006, foram 1,303 milhão de toneladas, 6,7% menos que em 2005.