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Indústria não comparece em audiência no Senado
11 de agosto | 2005
Informações serão enviadas ao Cade, à SDE e à SAE. Medidas serão tomadas para que o citricultor possa continuar colaborando com o Brasil.
Representantes das indústrias Citrosuco, Cutrale, Dreyfus e Citrovita confirmaram presença mas não compareceram ontem (10) à audiência pública no Senado para discutir o processo de concentração econômica em curso na citricultura brasileira.
O presidente da Associtrus, Flávio de Carvalho Pinto Viegas, acredita que a postura da indústria demonstra sua arrogância perante o governo e os demais envolvidos na cadeia produtiva. “É uma atitude de afronta do setor industrial com o Congresso Nacional. É a segunda vez que confirmam presença e não comparecem. Acredito que medidas serão tomadas para colocar a indústria em seu devido lugar. Ela se acha dona do país. Estamos trabalhando para que as leis sejam cumpridas”, frisa Flávio Viegas.
Realizada a pedido dos senadores Aelton Freitas (PL/MG) e Eduardo Suplicy (PT/SP), a audiência contou com a diretora-adjunta da Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça, Bárbara Rosemberg; do representante da Secretaria de Acompanhamento Econômico (SAE) do Ministério da Fazenda, Marcelo Saintive; do fiscal federal agropecuário da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Gustavo Firmo de Araújo; do procurador regional do Trabalho de Campinas, Ricardo Wagner Garcia; e do presidente da Associtrus, Flávio Viegas.
O presidente da audiência, senador Flávio Arns (PT/PR), classificou a audiência como “produtiva, esclarecedora e preocupante, porque as informações de quem cultiva a laranja dão conta do desrespeito da indústria à livre concorrência e à produção e enfatizam a concentração econômica evidente no setor. A partir dos dados apresentados, vamos exigir a participação do Legislativo e dos ministérios da Justiça, da Fazenda e da Agricultura na análise dessa concentração econômica. O Senado irá acompanhar a questão de perto e enviar os elementos necessários para o Cade, a SDE e a SAE, para que sejam tomadas as medidas necessárias para que o produtor tenha rentabilidade adequada para continuar colaborando com o Brasil”.
Para Eduardo Suplicy, a audiência mostrou aos representantes dos ministérios da Fazenda, da Justiça e da Agricultura e ao Senado a real situação dos citricultores e dos trabalhadores rurais. “Ficou evidente que o setor enfrenta graves problemas resultantes da concentração econômica, já que quatro indústrias absorveram quase 90% da produção de laranja, exercendo assim um poder econômico muito forte. É importante que os produtores enviem mais elementos e documentos para as comissões de Assuntos Econômicos e de Agricultura, porque firmamos o compromisso de enviar esses documentos para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica que irá tomar decisões a respeito dessa concentração”, disse Suplicy.
Vinte produtores de Taiúva e de Bebedouro e 40 de Itápolis foram a Brasília para demonstrar sua insatisfação e indignação com a postura da indústria. “Estamos brigando pela dignidade do produtor de laranja e do trabalhador rural e esperamos que o governo atenda nossas reivindicações”, finaliza presidente do Sindicato Rural de Itápolis, Valdir Buttarello.