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Monopólio da carne : Cade decide contra JBS

12 de agosto | 2013

Pecuaristas comemoram decisão do Conselho de congelar compra de frigoríficos

DIÁRIO DA MANHÃ
WANDELL SEIXAS

A decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de suspender o grupo JBS de fechar plantas ou partes de três unidades frigoríficas adquiridas no Acre, em Rondônia e no Mato Grosso “aliviou um pouco” as preocupações dos pecuaristas do Centro-Oeste.

Em Goiânia, o presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Ricardo Yano, manifestou alegria com a posição do conselho, mas deixou claro que as manifestações contra a cartelização continuam. “Esta é apenas uma parte das conquistas”, acredita Yano, que pôs a SGPA “a serviço dos produtores em Goiás”, seguindo os exemplos do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Acre.

Segundo Yano, a manifestação pública dos agropecuaristas “contribui para os posicionamentos como o que acaba de ocorrer com o Cade”.

A bancada ruralista e a Frente Parlamentar da Agropecuária têm se reunido em Brasília com membros do Conselho. Na ocasião, demonstram preocupação com o aumento da concentração do setor no País. O próprio presidente do conselho, Vinícius Carvalho, reconhece que “a preocupação de que o JBS feche frigoríficos” foi transmitida pelos parlamentares ruralistas.

Em entrevista ao Diário da Manhã, o presidente da Associação dos Fazendeiros do Vale do Xingu (Asfax), Carlito Guimarães, foi taxativo: “Na região, os criadores são prisioneiros do Friboi.”

O presidente da SGPA, ao comemorar a decisão do Cade, demonstrou confiança em “novas conquistas” de ordem legal, entre elas, a democratização no financiamento a frigoríficos por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), um organismo do governo federal.

Os pecuaristas se queixam, entre outras coisas, do problema de rendimento de carcaça e sua tipificação; como acabar com os calotes dos frigoríficos? É defendida por muitos também a criação de um fundo de marketing para a pecuária. Abertura de novos mercados e se vale a pena criar uma agência reguladora da cadeia de carne. Segundo Miguel Cavalcanti, do BeefPoint com sede em São Paulo, “a questão do rendimento e peso de carcaça é muito séria e antiga. Peso é básico e mostra como a confiança anda desgastada entre esses dois elos da cadeia. Além do peso de carcaça, é fundamental criar um padrão brasileiro de toalete, de limpeza da carcaça”. O sistema, em sua opinião, vai aumentar a transparência. No processo de falência, o prejuízo é incalculável para os pecuaristas, que recebem com anos de atraso e na hora do pagamento, um boi não vale um quilo de carne.

A busca de novos mercados, segundo Cavalcanti, passa pelos frigoríficos, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Itamarati nas negociações internacionais. Ele observa que “temos uma regra de rastreabilidade para a Unidade Europeia diferente de outros países vizinhos”. A agência reguladora, como acontece com a laranja e a cana, é considerada interessante pelo estudioso do setor.

Congelamento

Graças ao movimento nacional contra o monopólio dos frigoríficos, viabilizado pela Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) congelou quarta-feira a compra de três frigoríficos pela JBS nos Estados de Mato Grosso, Rondônia e Acre.

O Cade firmou um acordo com a JBS que garante o funcionamento das plantas em questão até uma análise final.

5/7/2012