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Mudança de discurso

11 de dezembro | 2007

Quando a revisão de contrato é para ajudar a indústria não existe a conversa fiada de que isto causa insegurança nos agentes econômicos


 


O presidente da Abecitrus, Ademerval Garcia, em declarações para o Globo Rural, no último domingo (9/12) disse que “contrato ninguém é obrigado a assinar, mas todo mundo é obrigado a cumprir. Então, essa história de revisão de contratos é algo que causa uma insegurança grande nos agentes econômicos. A tendência é você não ter revisão de contrato”.


Infelizmente, o argumento de que revisão de contrato causa insegurança para os agentes econômicos só é válida quando os beneficiados são os produtores. Na década de 1980, em função da queda do preço do suco no mercado internacional, muitos produtores foram obrigados, mediante ameaças, a baixar os valores acertados em contratos. “Tinha um contrato de US$ 3,50 com uma indústria e fui obrigado a abrir mão dos cinqüenta centavos sob a ameaça de não colherem minha fruta. Mesmo assim, deixaram parte das minhas laranjas no pomar e fui obrigado a amargar sozinho os prejuízos. Esse negócio de insegurança no mercado é conversa fiada para, mais vez, a indústria abocanhar os lucros do mercado”, lamenta o citricultor Antônio Fávero. 


Quando ao fato de que “quem assina contrato é obrigado a cumprir”, o produtor Luís Carlos Simonetti, de Aguaí, lembra que cinco anos atrás, a indústria deixou de cumprir vários contratos. “Sob a desculpa de que o mercado estava ruim e de que, com os preços combinados em contrato a colheita da fruta seria inviável, a indústria nos obrigou a baixar os valores dos contratos. Ela ameaçou deixar a fruta apodrecer no pé caso não aceitássemos as novas condições. É engraçado o senhor Ademerval Garcia dizer agora, na TV, que contratos são feitos para serem cumpridos. Será que ele se esqueceu, como presidente da Abecitrus, que nós, produtores, fomos obrigados a aceitar a quebra de contrato pelas indústrias? Será que este fato causou insegurança no mercado? Ou será que apenas os produtores é que são obrigados a arcar com os prejuízos em função do enriquecimento das indústrias?”.


A informação de que o preço do suco caiu 30% no mercado internacional também não condiz com os indicadores econômicos. “No mercado europeu não houve queda, os preços continuaram nos mesmos patamares. Esta informação tendenciosa é utilizada pela indústria como argumento para não repassar aos produtores os lucros do mercado internacional”, destaca o presidente da Associtrus, Flávio Viegas.


ASSOCITRUS.