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Mudança no caixa do Fundecitrus
11 de fevereiro | 2008
As divergências entre produtores de laranja e indústrias de suco de São Paulo em torno das contribuições que financiam as atividades do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), considerado no Brasil o principal centro de pesquisas citrícolas do mundo, podem estar próximas do fim.
A pedido do órgão, que em setembro de 2007 comemorou 30 anos, o Centro de Conhecimento em Agronegócios da Universidade de São Paulo (Pensa/USP) foi a campo, ouviu empresas e agricultores e começou a elaborar a proposta para a construção de um novo modelo de contribuições.
Segundo Hans Georg Krauss, presidente do Fundecitrus, este novo modelo prevê para os citricultores – e para a produção de laranja das fazendas das próprias indústrias – contribuições proporcionais ao número de pés de laranja plantados por propriedade, e não mais baseadas no número de caixas de 40,8 quilos produzidas.
Para isso, contudo, o Fundecitrus precisará de um cadastro detalhado de todas as propriedades produtoras, e espera contar com a colaboração das indústrias (e suas listas de fornecedores da fruta) na tarefa. As contribuições decorrentes do processamento industrial, bem como o início das colaborações de viveiristas e empresas de insumos estão em análise. Daí porque o novo modelo só deverá passar a vigorar em dois anos.
Até lá fica tudo como sempre foi. Os citricultores colaboram com R$ 0,09 por caixa e as indústrias, como outros R$ 0,09. Quem recolhe a parte do produtor é a indústria, que depois repassa a soma (R$ 0,18) ao Fundecitrus.
Pelo menos deveria ser assim. Nos últimos anos, porém, as relações entre produtores e indústrias voltaram a azedar por causa de preços e a disputa respingou no Fundecitrus. Em meio à tensão comercial, alguns citricultores deixaram de colaborar e outros passaram a questionar se as empresas estavam de fato repassando os R$ 0,18, e o órgão de pesquisas quase parou. Por isso a “intervenção”, a pedidos, do Pensa, que buscou uma fórmula consensual não necessariamente para elevar a arrecadação, mas mais harmônica.
Apesar da celeuma, em 2008 o Fundecitrus deverá trabalhar com orçamento de R$ 45 milhões, R$ 30 milhões dos quais aportados pelas indústrias. Prestes a completar 40 anos de atuação citrícola, com passagens por indústrias e seus próprios laranjais, Krauss lembra que o Fundecitrus nasceu com foco no combate ao cancro cítrico, doença que preocupa até hoje, apesar de controlada. De lá para cá outras ameaças aos pomares surgiram e o órgão sempre liderou os trabalhos para mantê-las sob controle.
Fernando Lopes
Fonte: – Valor Econômico – 11/02/2008