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O diálogo na citricultura

27 de maio | 2013

A indústria de suco de laranja, depois de uma década negando-se ao diálogo, atualmente pressionada pelo CADE onde é investigada por atuação cartelizada, se diz disposta ao diálogo mas pretende pôr na mesa, representando os citricultores, os “amigos”, “aqueles que pensam como nós”, de acordo com um executivo da indústria, como fizeram no caso do Fundecitrus e em outros casos.

Um dos subterfúgios tem sido criar associações ou trazer para a mesa entidades que nunca tiveram a coragem de se posicionar em relação aos abusos cometidos pelo oligopólio.

São Paulo concentra 80% da citricultura brasileira e são os citricultores paulistas os maiores prejudicados pela ação predatória das esmagadoras. O Triângulo Mineiro vem logo a seguir, com uma produção que é cerca de 3% da produção paulista.

A Associtrus, que liderou a luta pela criação do Consecitrus, foi excluída das negociações por não se submeter às imposições das processadoras. Agora que a questão está no CADE e terá impacto na questão das fusões e no julgamento do processo de cartel, as indústrias tentam reduzir a representação da Associtrus trazendo para o conselho citricultores e entidades ligadas à indústria ou que eles creem que poderiam ser facilmente coagidas ou cooptadas.

O mote é “esquecer o passado” e criar a esperança de que o Consecitrus representará uma formula mágica que transformará uma história de quase quarenta anos de conflito em um futuro de paz, alegria e prosperidade. Na realidade a indústria está na mesa de negociações porque isto ficou determinado no acordo assinado no CADE por ocasião da aprovação da fusão Citrosuco-Citrovita. Ela sabe também que a assinatura do Consecitrus será importante na questão do cartel, também em tramitação naquele órgão.

Não há nenhuma indicação de que as esmagadoras tenham interesse de alterar a sua maneira de se relacionar com os citricultores; ao contrário, a tentativa é enfraquecer a representação dos citricultores e “dividir para controlar”. O caminho é fortalecer as entidades que têm a coragem de enfrentar o poder econômico e político da indústria, comprovando ao longo do tempo sua independência e capacidade de resistir.

O Consecitrus somente trará resultados aos pequenos e médios produtores se for conduzido por entidades e pessoas realmente comprometidas com a recuperação dos prejuízos causados pela manipulação do mercado nas últimas décadas e pela implantação, mediada pelo CADE, de uma nova relação entre indústria e produtores, uma relação equilibrada que assegure, entre outras coisas, uma participação do produtor na renda da cadeia produtiva proporcional aos custos e os riscos por ele incorridos.

Flávio Viegas

Presidente da Associtrus. associtrus@associtrus.com.br

017 33435180