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O “Suposto Cartel” Desmascarado.
20 de março | 2010
Causou enorme repercussão a entrevista dada pelo Sr. Dino Tofini à jornalista Fátima Fernandes, publicada em 15/3 na Folha de S. Paulo. Nela, Dino Tofini, que foi ex-proprietário da CTM, indústria de suco de Limeira, confirma o que vimos denunciando há mais de uma década.
Ele afirma que, como participante do cartel, ganhou muito dinheiro com a combinação de preço para a compra de laranja e venda de suco no mercado internacional, mas que acabou sendo vítima do próprio cartel ao se transformar em citricultor depois de vender sua empresa.
Na reportagem, que todos os produtores rurais devem ler com atenção, está descrito com detalhes como funciona o cartel, que está sendo reproduzido em outras áreas do agronegócio, e que, apesar de estar sendo denunciado desde o início da década de 90, até agora não foi punido.
Graças ao seu poder econômico e político, esse grupo tem conseguido protelar as ações e investigações e até mesmo calar alguns dos principais órgãos de mídia, implacáveis ao tratar de desvios de alguns empresários, mas absolutamente omissos em relação a este caso. Esperamos também que o Sr. Tofini, apesar de fragilizado em sua saúde e financeiramente, tenha condições de suportar as pressões, que certamente sofrerá, e compareça ao SDE e confirme suas declarações.
Porém, apesar de tudo, as investigações prosseguem e a denúncia do Sr. Tofini deu nova dimensão e visibilidade ao caso. Estamos confiantes em que, no seu depoimento à SDE na segunda-feira, ele acrescente dados novos que possibilitem o rápido encerramento das ações e o encaminhamento do caso ao CADE para julgamento. Caberá às autoridades também resolver o problema causado pela inexplicável nomeação, para o CADE, de três conselheiros impedidos de atuar no caso.
Vamos também acompanhar com atenção a “integração” das operações entre a Citrosuco e a Citrovita que já está sendo implementada nas sombras. Alguns fornecedores das duas empresas já foram avisados de que a Citrosuco assumiu a gestão dos pomares da Citrovita e que esta comercializará suco produzido pela Citrosuco, porém nada foi comentado sobre a gestão das fábricas da Citrovita.
As informações que temos dão conta de que a Citrosuco assumiu a gestão das fábricas e que os funcionários da fábrica da Citrovita em Matão (antiga Cambuí) foram demitidos e a fábrica será fechada. Toda essa operação está em curso, sem ser submetida à aprovação do CADE, na certeza de que, como no caso da Cargill, mais esta ação de concentração do cartel será aprovada.
Talvez todos estes acontecimentos levem a indústria a buscar uma forma de desviar a atenção dos citricultores, iniciando as compras para a safra 2010/11, como previu a Dra. Margarete Boteon em entrevista ao site Notícias Agrícolas.
A grande questão está no preço a ser pago pela fruta no Brasil. A safra norte-americana quebrou em mais de 25% em termos de produção de suco e o preço da laranja no mercado spot, nos EUA, ultrapassa US$1,75 por lbss o que equivale a US$ 12,00 a caixa. Isso levou a Coca Cola e a Pepsi Cola a aumentarem os preços ao consumidor entre 5% e 9%, reconhecendo que depois dos furacões de 2004 e 2005 os custos de produção subiram mais do que o dobro e hoje, segundo a associação dos citricultores da Flórida, o custo de produção atinge US$ 1,28/lbss, o que equivale a US$9 por caixa. Nesse cenário é perfeitamente possível trabalhar com o objetivo de US$10 por caixa no Brasil.
Crédito:Associtrus