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Polêmica: citricultores criticam nova forma de contribuição ao Fundecitrus.
23 de novembro | 2007
Valor cobrado por caixa de laranja passa a ser calculado com base no número de árvores da propriedade.
Produtores de laranja estão insatisfeitos com a nova forma criada para contribuição ao Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). A cobrança, por caixa de laranja, passa a ser calculada com base no número de plantas de cada propriedade.
O presidente do Sindicato Rural de Bebedouro, José Osvaldo Junqueira Franco, classifica como injusta para os pequenos produtores a adoção do novo cálculo. Ele observa a necessidade do Fundecitrus levar em conta a remuneração obtida por grandes produtores de laranja, em relação aos pequenos: “os maiores citricultores aumentam sua produtividade com irrigação”.
O sindicalista quer saber como serão contados os pés de laranja de cada produtor, pois não há um cadastro geral com esses dados. Outra situação a ser resolvida quanto à nova forma de cobrança, refere-se aos pomares antigos, de baixa produtividade e, os novos, que demoram até quatro anos para se tornarem rentáveis.
Também contrário à nova forma de cobrança do Fundecitrus, o presidente Flávio Viegas, da Associtrus, lamenta a posição dos gestores do fundo de servirem apenas aos interesses das indústrias: “se aplicada a mudança, os produtores arcarão com 65% da contribuição”. As mudanças são realizadas com baixa participação dos citricultores, protesta o dirigente. Fato confirmado por José Osvaldo, um dos doze produtores presentes à assembléia do Fundecitrus, dia 28 de junho deste ano, em Araraquara: “faltou dar maior publicidade a uma mudança tão importante”, denuncia. A convocação só foi publicada em jornal de Araraquara: “se checarem a ata da reunião, lá está meu protesto à mudança”, afirma José Osvaldo. Os dois reivindicam, em nome dos oito mil citricultores paulistas, uma outra assembléia para votação da nova forma de contribuição.
Flávio Viegas reclama da exclusão da Associtrus do processo de discussão do Fundecitrus: “somos co-fundadores do fundo, merecemos respeito”. Ele reivindica mais transparência na gestão dos recursos do Fundo, independência dos gestores e maior aproximação da entidade com os citricultores.
O dirigente da Associtrus também solicita maior disponibilidade aos produtores dos resultados de pesquisas científicas. Na opinião de Viegas, as indústrias são as mais beneficiadas.
Defesa – Para elaborar o novo modelo de contribuição dos associados, o Fundecitrus contratou o Pensa (Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial), para colher sugestões, por meio de reuniões em dez municípios do Estado, uma maneira de envolver os citricultores na discussão dessa questão. O novo modelo de contribuição, conforme estabelece o Estatuto do Fundecitrus, propõe que a contribuição seja baseada no número de pés de laranja de cada propriedade.
As reuniões foram intituladas de “Projeto Rally da Citricultura” e delas participam também viveiristas e representantes de sindicatos, de indústrias de suco e de empresas de insumos e máquinas. As discussões se estenderão até 18 de dezembro, com a realização de dois workshops que irão mostrar os resultados preliminares das discussões. Ocorreu um debate, terça-feira (20), na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB) – nova reunião está prevista em Bebedouro para 11 de dezembro.
Através de sua assessoria de imprensa, o Fundecitrus descarta a realização de outra assembléia para discutir a nova forma de cobrança.
Sugestões – O pesquisador do Pensa, Vinícius Gustavo Trombini, defende o novo modelo de cobrança, por incluir os citricultores que não vendem sua produção para indústrias de suco. Pelos seus cálculos, eles representam 30% dos produtores interessados em comercializar a fruta no mercado interno: “deles não é cobrado um centavo”, diz Vinícius. Ele reivindica dinheiro desses citricultores, pois também se beneficiariam do combate a doenças e pragas feito pelo Fundecitrus.
Segundo o pesquisador do Pensa, Frederico Fonseca Lopes, o novo modelo de contribuição do Fundecitrus será construído com uma abordagem participativa. “Tornaremos o modelo democrático. Queremos a participação de todos, contribuições por meio de questionários que serão distribuídos nos eventos do rally e também na enquete do site, justamente criada para coletar informações. Qualquer pessoa pode acessar e opinar”, afirma.
Indústrias – A Gazeta entrou em contato com a assessoria de imprensa da LD Commodities, para colher sua opinião sobre a mudança, mas até o fechamento da edição, não houve pronunciamento do grupo.
Fonte: Gazeta de Bebedouro