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Produtores apóiam posicionamento da Associtrus

02 de junho | 2006

Deputados prometem entrar com pedido de CPI na Assembléia Legislativa

Os cerca de 700 produtores que participaram da reunião de hoje (2), promovida pela Associtrus, em Bebedouro, apoiaram os posicionamentos adotados pela associação nas negociações com o setor industrial.

A Associtrus rejeitou a proposta apresentada pela indústria na última quarta-feira (31), em Brasília, de reajuste de US$ 0,60 por caixa de laranja. “Eles querem condicionar a negociação às investigações do SDE (Secretaria de Desenvolvimento Econômico) e do Cade e que nossa remuneração seja feita a partir do desconto da taxa de dumping a que foram condenados nos EUA. Não podemos aceitar um reajuste como este, considerando o aumento dos lucros do setor industrial sobre os efeitos dos furacões que atingiram os EUA, no ano passado”, observou o vice-presidente da Associtrus, Douglas Kowarick.

A Associtrus pede um reajuste de, no mínimo, 80% sobre os ganhos da indústria com os furacões que chega a R$ 12 por caixa.

Os deputados estaduais Geraldo Vinholi e Beth Sahão, presidente da Comissão da Agricultura do Estado de São Paulo, se comprometeram a entrar com um pedido de CPI na Assembléia Legislativa para que sejam averiguados os posicionamentos da indústria no mercado nacional e internacional. Eles também prometeram uma convocação conjunta das comissões de Agricultura e Finanças para analisar dados que, em tese, podem representar a ocorrência de evasão de divisas, levando em conta o alto valor do suco no mercado internacional e o baixo valor declarado nas exportações.

Medidas jurídicas também serão adotadas. A Associtrus estuda entrar com mandado de segurança contra o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), uma das condições impostas pela indústria ao governo e irá ingressar como assistente nos processos de busca e apreensão promovidas pela SDE e nas ações civis públicas objetivando fazer com que a justiça reconheça a laranja do produtor como atividade fim das indústrias e assim passar o ônus da colheita para as processadoras.

Os produtores aguardam a apresentação de uma proposta digna por parte das indústrias para voltar à mesa de negociação.

Na terça-feira, em Sã Paulo, os produtores irão se reunir com o pré-candidato ao governo do Estado, José Serra, para apresentar as necessidades do setor e propor que suas reivindicações façam parte de seu plano de governo. O senador Aloísio Mercadante continua intermediando as negociações entre produtores e indústrias que, por enquanto, estão paralisadas. “Se a indústria nos apresentar uma proposta coerente, vamos voltar negociar”, diz Flávio Viegas, presidente da Associtrus.

O deputado Antônio Carlos Mendes Thame participou da reunião e fez referências à relação entre indústrias e produtores como um sistema de vassalagem, onde um indíviduo (vassalo) oferece ao senhor fidelidade e trabalho em troca de proteção e um lugar no sistema de produção. “Não podemos nos submeter a um sistema usado na Idade Média. Não somos vassalos e não precisamos do consentimento da indústria para termos nosso lugar no sistema de produção. Somos parte da cadeia produtiva e precisamos fazer valer nossos direitos”, frisou o deputado que, desde o início das negociações, acompanha as discussões referentes à renegociação dos contratos vigentes e a implantação do Consecitrus.