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Recuperação de renda eleva concentração.
01 de maio | 2007
Fernando Lopes – Valor -30/04/2007
Impulsionada pela agroenergia, a recuperação da renda agrícola em curso no país elevará significativamente a participação conjunta das grandes culturas relacionadas à produção de biocombustíveis na receita total das fazendas (“da porteira para dentro”) em 2007. Projeções apontam tendência semelhante de concentração na divisão geográfica do faturamento rural.
Levantamento do Ministério da Agricultura já divulgado pelo Valor mostra que, após três anos de quedas sucessivas, a renda agrícola nacional crescerá 10,8% em 2007 na comparação com 2006 e alcançará R$ 111,178 bilhões. Apesar da consistente retomada, o montante ainda é 10% menor que o recorde registrado em 2003 (R$ 123,480 bilhões) – mas este, dependendo do comportamento dos mercados, poderá ser superado em 2008.
A novidade é que, se a projeção for confirmada, soja, cana e milho, tradicionalmente as lavouras de maior renda no Brasil, voltarão a ampliar seu “domínio” e responderão por 57,2% da receita total das 20 principais culturas agrícolas neste ano, ante 52,4% em 2006 e 50,2% em 2005. No recorde de 2003, puxado pelo melhor ano da soja em todos os tempos, o percentual foi maior (58,3%), mas naquele ano só o grão representou 31,5% do bolo, ou R$ 38,906 bilhões.
Em 2007, sinalizam as previsões de José Garcia Gasques, coordenador de planejamento estratégico do ministério, a renda da soja, ainda o carro-chefe do campo brasileiro, deverá atingir R$ 26,388 bilhões, ou 23,7% do total. A cana, que em 2003 gerou receita de R$ 14,468 bilhões (11,7% do montante total), deverá render, neste ano, R$ 20,665 bilhões (18,9%), enquanto o milho chegará a R$ 16,241 bilhões (14,6%). Alavancado pela soja, a renda do milho atingiu R$ 18,596 bilhões (15,1% do total) em 2003, mas desceu a R$ 10,613 bilhões (10,5%) em 2005, antes da tsunami agroenergética.
Ainda que a renda siga concentrada em poucos produtos, especialistas acreditam que o fato de a soja ter perdido peso nas contas tem um lado positivo, apesar desse “regime” ter sido provado por quase três anos de crise. O raciocínio é simples: é melhor depender de três lavouras do que de uma. Mas fica no ar um alerta: o mercado de commodities é cíclico, e os três líderes em renda estão sob a influência da febre em torno do maior uso do etanol e do biodiesel. Qualquer inversão de tendência nessa área, portanto, prejudicaria a trinca, ainda que a tendência de aumento da demanda por alimentos em países emergentes como China e Índia sempre apareça como importante sustentáculo para os grãos no médio e longo prazos.
Nesse contexto, diz o economista Fabio Silveira, da RC Consultores, além do risco de queda das cotações internacionais das commodities – que já é grande no segundo semestre no caso do milho, devido às perspectivas de forte aumento da área plantada nos EUA, que usa o grão para fabricar etanol -, a alta de custos dos fertilizantes é outro fator de risco. Mas Silveira prevê que, mantidos os bons ventos para soja, cana e milho,, a renda agrícola brasileira alcançará R$ 113,9 bilhões em 2007, 13,1% mais que em 2006, e R$ 123,6 bilhões em 2008.
“Como o milho é um produto que tem grande abrangência nacional, a melhoria de renda tem impactos significativos em diversas regiões. O mesmo não acontece com produtos com menor espectro regional, como a cana e a soja”, afirma Gasques. Ele mesmo ressalta, contudo, expressivos aumentos da renda dos canaviais no Paraná, e que outros Estados, inclusive no Centro-Oeste, também já têm na cultura uma boa fonte de riqueza.
Ainda assim, na recuperação em curso a concentração de renda também aparece na divisão por regiões do país. Ancorada na cana, a participação do Sudeste na renda nacional deverá atingir 35,5% em 2007, ante 35,1% no ano passado e 33,2% em 2005. Impulsionada pelo milho – só a produção paranaense do grão deverá render R$ 3,569 bilhões -, a receita do Sul representará 28,9%, ante 27,4% em 2006 e 25,5% em 2005. E o Centro-Oeste, turbinado pela soja, verá sua fatia no bolo voltar a crescer, para 19,9%, acima dos 18,9% de 2006 mas abaixo dos 23% de 2005.
“Exceto pela cana, laranja e amendoim, São Paulo vem reduzindo a renda obtida nos outros 18 produtos que têm a produção pesquisada pelo IBGE, fortalecendo sua especialização”, comenta Gasques. Em 2006, a receita da cana chegou a R$ 15 bilhões no Estado, ou 45,5% do valor total da produção agropecuária paulista. Quando tomou ciência desse resultado, no início deste ano, o secretário da Agricultura João Sampaio disse ter como um de seus objetivos a diversificação de cultivos em São Paulo.
No campo paulista também se destaca a renda da laranja, que no ranking nacional só perde para soja, cana e milho e deverá somar R$ 7,894 bilhões em 2007, ante R$ 8,027 bilhões em 2006. Em 2005 foram R$ 6,725 bilhões, e a mudança de patamar deriva da disparada das cotações do suco de laranja no exterior, causada por problemas de oferta na Flórida.
Gasques observa que a participação do Sul cresceu na renda nacional apesar do foco crescente de Santa Catarina na industrialização de carnes, e que o Centro-Oeste está retomando sua força mesmo com o crescente peso da pecuária de corte no Mato Grosso do Sul. Mas aqui, novamente, a concentração mostra uma face perigosa. Os catarinenses tornaram-se grandes produtores e exportadores de carne suína, e sofrem há um ano e meio os efeitos deletéreos do embargo da Rússia, principal importador, ao produto do Estado.
Chama a atenção que a agroenergia não foi capaz, até agora, de incrementar a participação de Norte e Nordeste na receita brasileira. Nem com a mamona, “estrela do biodiesel” e cuja renda nordestina deverá crescer 85,6% em 2007 – mas para apenas R$ 99,590 milhões. Também se destaca o fato de que algodão, arroz, banana, batata, cacau, café, feijão, fumo e mandioca, todos com rendas agrícolas relevantes, ainda enfrentam dificuldades para crescer de forma sustentável e sem soluços.
OPINIÃO ASSOCITRUS.
É MUITO ESTRANHO AFIRMAR QUE A RENDA DA LARANJA CAIRÁ EM 2007 ANTE 2006!
EM UMA ECONOMIA DE MERCADO, ONDE OS ESTOQUES ATINGIRAM INDÍCES PRÓXIMOS A ZERO. O CALOR DEMASIADO NA EUROPA EM PLENA PRIMAVERA DEMANDANDO POR MAIS SUCO. E PRINCIPALMENTE DEVIDO AS INDÚSTRIAS NÃO TEREM SAÍDO PARA COMPRAR AS FRUTAS DISPONÍVEIS, NÃO HÁ CONDIÇÕES DE AFIRMAR QUE A RENDA SERÁ MENOR!
POIS TODOS OS FATORES PLAUSÍVEIS NUMA ECONOMIA LIVRE DE MERCADO, SEM QUE HAJA INTERFERÊNCIAS POR NENHUMA DAS PARTES, OS PROGNÓSTICOS SÓ PODEM NOS LEVAR A CRER QUE OS PREÇOS E CONSEQUENTEMENTE A RENDA DO SETOR SERÁ MAIOR!
A NÃO SER QUE HAJA ALGUM OUTRO FATOR QUE NÃO TENHA SIDO MENCIONADO E QUE DESCONHECEMOS.
COMO UM ACORDO ENTRE AS INDÚSTRIAS LIMITANDO UM VALOR A SER PAGO NA CAIXA DE LARANJA, REDUZINDO-SE ASSIM A RENDA DO SETOR.
ASSOCITRUS