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RELEMBRANDO… Abecitrus defende criação de conselho
27 de junho | 2013
As indústrias de suco de laranja concordam com a intenção da Associação Nacional dos Produtores de Citros (Associtrus) que propôs a criação de um Conselho dos Produtores de Citros e Suco (Consecitrus) a exemplo do Conselho dos Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Álcool (Consecana). A afirmação é do presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Citros (Abecitrus), Ademerval Garcia. Já a intenção da Associtrus em conseguir atrair para os citricultores parte dos ganhos com o aumento nos preços internacionais do suco de laranja não deve ocorrer.
Para Ademerval, não é possível tentar unir as duas coisas. Ele lembra que o citricultor, mesmo que tenha custos menores, irá tentar vender sua laranja pelos melhores preços para as indústrias. “Da mesma forma é feito com o suco”.
Já a questão do custo de produção nos pomares, segundo o dirigente, é diferenciado e depende de vários fatores. “O produtor tem um custo que varia muito, dependendo do investimento que ele faz, da idade dos pomares, do grau de defesa que faz, da produtividade que tem, da região, da tecnologia que ele usa. Isso tudo altera custos. Você não tem um custo padrão para toda a produção.”
A criação de um sistema para normatizar os preços pagos pela laranja pode ser uma forma mais justa de remuneração dos citricultores. “Desde que naturalmente o Cade esteja envolvido desde o início. Senão, o preço vai cair e eles irão ao Cade de novo”. Ademerval lembra que em 1994 um contrato-padrão, criado em 1984, foi extinto pelo Cade a pedido dos próprios produtores. “Esses dez últimos anos, sem a existência desse referencial, foram os piores para o setor”, analisa.
Ademerval explica que o setor industrial compra laranja por um preço médio. E toda vez que o setor industrial tiver que pagar muito caro por uma parte da fruta oferecida no mercado, outra parte será muito barata. “Suponha que o preço médio seja de US$ 2,00 por caixa. Se a indústria comprar metade do que precisa por US$ 3,00 , vai comprar a outra metade a US$ 1,00. Mas para a indústria tanto faz comprar metade a US$ 1,90 e o restante por R$ 2,10″. Hoje, parte dos citricultores, organizados em pool, conseguem negociar a produção com a indústria em condições mais vantajosas.
Assim, segundo o dirigente, o restante, sem força de negociação, acaba recebendo valores menores. Por isso entende que é importante criar uma forma de regular a formação de preços. “Isso não vai criar grandes fortunas por parte de quem pode negociar bem e também não vai criar grandes problemas na parte de quem não pode negociar bem. Haveria uma condição mais justa”.
Mas Ademerval lembra que a iniciativa deve ser dos produtores. “A Câmara Setorial da Citricultura é o órgão ideal para se levar essa proposta. Mas não será a indústria que encabeçará isso”, garante.
Autor: Renê Gardim
Crédito: Tribuna Impressa – Araraquara, 30 de setembro de 2004