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Semelhanças entre as safras 2001/02 e a atual!
31 de março | 2008
Previsões para o Brasil. O que há de semelhante entre as safras de 2001/02 e a safra atual.
Em maio de 2001, o boletim Market News Service(MNS) publicado pelo International Trade Center da UNCTAD/WTO publicou a seguinte análise sobre o mercado de suco de laranja, que é muito atual e explica a queda de preços que está ocorrendo:
“De um lado os dados oficiais do IEA, que foram para a safra 2001/02 de cerca de 348 milhões de caixas em janeiro foram reduzidas para 342,6 milhões de caixas em abril. Isto representa uma redução de “apenas” 3,7% em relação aos 355 milhões de caixas da safra 2000/01. De outro lado a indústria está indicando que por várias razões- seca que está afetando a safra atual e as futuras; CVC e cancro cítrico ainda virulentos, número crescente de citricultores que estão trocando a citricultura pela produção de cana ou arrendando suas terras para a produção de cana- a produção da próxima safra será de no máximo 300 milhões de caixas e mais provavelmente somente 280 milhões. Então a “luta” para assegurar matéria- prima estabeleceu-se no Brasil. Hoje parece que quase toda fruta disponível está comprometida para as “grandes” empresas, os únicos que têm condição de pagar os altos preços. Há informações de que os preços atingiram US$ 3,5 ou mais e parece que alguns processadores contrataram, para as próximas três safras, a preços que vão de US$ 10 a 11 por caixa!
Quem está certo? Se os números oficiais estão corretos, a próxima safra será muito boa e a produção dependerá do consumo de fruta fresca, que por sua vez dependerá do preço da fruta. Se o preço da fruta subir muito, o consumo de fruta fresca cairá e haverá fruta mais do que suficiente para processamento. Se a previsão da indústria está correta, o volume colhido será severamente reduzido e o preço da matéria- prima aumentará drasticamente. Então, logicamente e seguindo todas as regras econômicas, um aumento de preço poderia ser esperado, não é? Bem, aí vem o segundo mistério, o maior processador brasileiro está aumentando sua capacidade de produção e oferecendo FCOJ entre US$ 800 e 850 até junho de 2002 pelo menos e possivelmente até o fim de 2002 para grandes clientes. Como, de acordo com quase todos os nossos contatos, o proprietário daquela empresa tem a reputação de fazer em geral o movimento certo no momento certo, qual seria a racionalidade desses preços?
Uma das explicações, dada pelo mercado, é que a empresa está apenas testando os nervos de seus concorrentes e que, de fato, apenas pequeníssimas quantidades foram ou serão vendidas a esses preços agora ou no futuro. Isto serve apenas para irritar e exasperar os concorrentes, mas não terá conseqüências no mercado.
Outra explicação seria a intenção das grandes empresas em geral e uma em particular de tentar, tanto quanto possível, afastar os pequenos processadores.. Com altos preços de matéria- prima e baixos preços de venda , a maior parte das pequenas empresas não estarão no mercado na próxima safra. Nós já fomos informados que dos 11 pequenos produtores de suco, na próxima safra somente um estará presente no mercado, 3 operarão com metade da capacidade, se possível, e 6 já venderam suas frutas e estoques para os grandes e não processarão, e um foi subcontratado para processar para um grande por 5 anos. Então a previsão é que uma vez que todo o FCOJ processado e vendido durante a safra 2000/01 for entregue e consumido, os preços subirão, mas apenas a um nível onde as margens de lucro serão tão limitadas que será impossível para as pequenas empresas retornarem ao mercado. A concorrência entre os 5 grandes será dura e então,talvez, desencoraje um ou dois de continuar nessa indústria de baixa lucratividade.
Uma vez que o numero de empresas for reduzido , a produção deverá decrescer por algum tempo para absorver os estoques e então, num completamente novo mercado, maiores aumentos de preços serão possíveis. Parece ficção cientifica, não é?
Com relação a situação dos estoques nós fomos informados que os produtores brasileiros processaram cerca de 270 a 280 milhões de caixas na safra passada, muito mais do que o previsto. Então é mais provável que os estoques estejam altos novamente.
Então o que e como o mercado de suco vai estar não se pode prever no momento. Como um dos grandes “traders” comentou”… preço é apenas uma das armas que podem ser usadas no ataque”, e vários de nossos contatos estão prevendo mudanças radicais neste negocio brevemente. Estas mudanças incluem, dependendo de quem se fala, concentração de empresas , cessação de atividades, mudança de padrão de consumo, mudança geográfica da produção, etc.”
No boletim de fevereiro de 2008 do Juicemarket o comentário sobre o mercado brasileiro era o seguinte: “ Operadores do mercado de suco na Europa dizem que o mercado está muito confuso no momento. De um lado as ofertas parecem estar sendo mantidas na faixa de US$ 1800-1900/t 66brix FCA Europa, preços similares aos praticados em Dezembro.
Entretanto, há sinais de que os preços estão prestes a aumentar devido às previsões de quebra na próxima safra que está estimada em 300-330 milhões de caixas( na área comercial de S. Paulo e Minas Gerais, incluindo a fruta que vai para o mercado de fruta fresca). Um operador tomou conhecimento de negócios a US$ 1950 recentemente.
Ao mesmo tempo há rumores de queda de preços devido à disputa entre dois dos “grandes” por um importante cliente. Para o primeiro trimestre de 2008 tem-se falado em US$ 1750. Isto não é impossível de ocorrer; de tempos em tempos os processadores entram em uma guerra de preços. Algumas fontes do setor acreditam que isto está sendo feito para remover pequenos processadores que entram para aproveitar-se dos altos preços e ganhar participação no mercado.
Participação no mercado é um grande problema no Brasil neste momento- a queda de demanda nos últimos três anos é considerável, com 250 mil t de concentrado perdidas no mercado dos EUA e 120 mil t perdidas no mercado Europeu- a queda no mercado europeu foi particularmente grande no último ano e meio.
Entretanto, operadores do mercado acreditam que uma redução de preço neste momento não aumentará a demanda.
As retiradas foram boas em Janeiro e o mercado está surpreendentemente ativo, dizem importadores europeus. Entretanto, compradores estão cobertos por, no máximo, dois meses e estão, portanto, muito interessados em ter uma idéia sobre para onde vão os preços este ano.
A safra de 2007/08 que terminou não colocará nenhuma pressão nos espaços para estocagem. A safra produziu cerca de 385 milhões de caixas das quais cerca de 80 milhões foram para a produção de NFC e para o mercado de fruta fresca.
A safra de 2008/09 no Brasil atrasará cerca de 6 semanas e será menor que a safra anterior. A segunda florada não teve um bom pegamento, em algumas áreas perdeu 50% dos “chumbinhos” da primeira florada devido à longa seca.
O lado bom é que, aparentemente, a fruta está tendo um bom crescimento e a indústria indica que a segunda safra será melhor nas áreas em que a primeira florada foi reduzida. Isto causará uma safra com múltiplas floradas. Houve uma terceira florada em algumas áreas, em outras há muita umidade para que uma terceira florada ocorra- as árvores deveriam estar estressadas para florescer de novo. Se a produção atingir no máximo 300 a 330 milhões de caixas, será certamente uma boa safra, dizem fontes da indústria.”
Flávio Viegas
Presidente da ASSOCITRUS