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Suco: preços da laranja não remuneram os citricultores.

25 de maio | 2007

Os preços recebidos pelos produtores paulistas geram descontentamento tanto da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus) como da comissão de Citricultura da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp). A diferença é que a Associtrus tenta na Justiça melhorar a remuneração, por meio da revisão de contratos, enquanto a Faesp já tem um acordo estabelecido com a Cutrale e com a LD Commodities (antiga Coinbra), extensível às outras empresas de processamento, que abrangeria entre 80% e 90% dos produtores do Estado, cujo número total ninguém conhece ao certo – membros do setor falam de, no mínimo, 7 mil. Para o presidente da Associtrus, Flávio Viegas, o preço da caixa de 40,8 quilos de laranja na indústria paulista (sem contrato), que no acumulado dos últimos cinco dias está em R$ 7,87, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq/USP), deveria ser da ordem dos R$ 15,00. Para o coordenador da comissão de Citricultura da Faesp, Antonio Egidio Crestana, entre R$ 12,00 e R$ 13,00 já seria um montante remunerador. O valor atual, de acordo com Crestana, pode até pagar os custos operacionais, mas não os de investimentos. Viegas também segue a mesma linha, embora diga que nem os primeiros estão sendo cobertos. É preciso reformar os pomares para ter produtividade. Mas, sem perspectiva de melhora na remuneração, o produtor não consegue renovar. Muitos acabam sendo excluídos do processo, segundo Viegas. A Associtrus propõe a criação do Consecitrus, um sistema de comercialização e de relacionamento entre citricultores e industriais que, segundo Viegas, iria criar normas transparentes sobre a formação dos preços recebidos pelos produtores de laranja. Considerado mais justo pela Associtrus, ele seguiria o molde do Consecana, utilizado pela cadeia de cana-de-açúcar. Já a Faesp afirma que o acordo atual já tem uma sistemática de remuneração e questiona o sucesso do Consecana, que está sendo revisto, segundo Crestana. O representante da Faesp diz que a principal vantagem do acordo em voga é a garantia de recebimento por parte dos citricultores de um valor mais estável, diferentemente do que ocorre, por exemplo, com quem vende no mercado spot. O que estará sendo negociado com as processadoras, até junho, é uma garantia do preço de custo (que hoje está em torno de US$ 4,00 por caixa) mais uma participação no lucro das empresas (em forma de bônus, de cerca de US$ 1,50 hoje), crescente principalmente em função das perdas na citricultora norte-americana provocada por uma seqüência de furacões. Crestana diz saber de valores de contratos variando de US$ 2,70 a US$ 6,00 atualmente. Na opinião dele, o principal vilão da citricultura brasileira, hoje, é o dólar desvalorizado frente ao real. Quem fechou contrato há três anos perdeu 55% em cima do valor acordado, segundo ele, afirmando que não há nada que impeça os produtores de migrarem para outras culturas, especialmente a cana, caso achem que a laranja deixou de ser um bom negócio. Segundo pesquisa do Cepea, o produtor que teve melhor resultado foi o que vendeu no mercado spot (que representa cerca de 10% do total), os que tinham contratos baseados em participação no preço do suco no mercado internacional, participantes do acordo com a LD e a Cutrale, ou os detentores de contratos individualizados. Da amostra pesquisada, os produtores independentes, que somam 36,3 milhões de caixas, cerca de 60% renegociaram na safra 2006/2007, mas 20% não conseguiram preços maiores, 10% ficaram insatisfeitos com as propostas das indústrias (entrando em processos judiciais) e o restante, em abril (quando foi feito o estudo), ainda estava em conversação com os compradores. O preço foi na casa dos US$ 4,50 a caixa para quem escolheu valor fixo, com US$ 1,20, em média, de bônus por caixa. O bônus antigo era de US$ 3,30. O valor médio recebido pelos produtores nos contratos de preço fixo foi US$ 4,20 por caixa, que ainda pode ser modificado pelas negociações em andamento. A adesão ao acordo entre Faesp e as empresas teria sido muito pequena, conforme o Cepea, porque parte da safra já havia sido renegociada individualmente quando o documento foi firmado.
Fonte: Carlos Cogo