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Suco: tendência de preços mundiais firmes em 2008
02 de janeiro | 2008
A percepção de que os preços das três principais commodities agrícolas sofreriam um inevitável recuo depois que passaram a se distanciar de suas médias históricas, em outubro de 2006, não se concretizou. As curvas ascendentes tornaram-se ainda mais verticais no ano passado, e novas altas, ainda que de menor envergadura, são esperadas para 2008. Os patamares de preços praticados nos mercados agrícolas globais mudaram definitivamente. O conceito de média histórica vale até 2006. O ano de 2007 é um marco divisor. Os países emergentes ganharam força. Isso ficou evidente nas discussões sobre os efeitos da crise hipotecária americana. Da mesma forma que já são capazes de compensar pelo menos parte dos reflexos globais da perda de poderio dos EUA, países como China e Índia seguem acelerados e o desafio de alimentá-los é o principal fator estrutural de longo prazo que hoje sustenta as commodities. E se o cenário já sinalizava suporte para os preços por conta da crescente demanda por alimentos, a chegada da onda dos biocombustíveis catapultou a tendência. Essa concorrência ajudou a tornar as commodities agrícolas mais interessantes, e fundos de investimentos com foco em outros setores passaram a olhá-las com mais atenção. Na Bolsa de Chicago, milho, trigo e soja tornaram-se uma espécie de pacote para esses fundos exóticos e as cotações do trio passaram a caminhar ainda mais juntas. O algodão, a segunda commodity agrícola na bolsa nova-iorquina que mais subiu em 2007 (9,4%), se beneficiará da alta do milho e da soja, que tomam espaço do algodão nos EUA, e pela redução da demanda por fibras sintéticas. O porém está no crescimento da produção da Índia. No caso do café, cuja cotação média anual subiu 8,7% em 2007, não há previsões de altas acentuadas neste ano, já que a produção será maior no Brasil. Já o açúcar deverá sofrer menos com a maior produção indiana. O cenário volta a ser positivo para o suco de laranja, cujo preço médio caiu 4,7% em 2007: oferta global não está normalizada e as cotações seguem atraentes. Considerada por analistas o ponto nevrálgico da volatilidade que está por aumentar no mercado internacional de grãos, a próxima safra americana (2008/2009), que começa a ser plantada no segundo trimestre, ainda uma incógnita. Os Estados Unidos não abandonarão suas principais culturas, mas os milhões de hectares que deverão ser deslocados de uma para outra – principalmente do milho para a soja, com reflexos sobre o algodão – são suficientes para manter o nervosismo que tende a acompanhar os mercados agrícolas por boa parte de 2008. Os EUA terão que plantar 28,7 milhões de hectares de soja em 2008/2009 (por causa da queda de seus estoques). É um aumento grande, e grande parte dele virá do milho. Daí porque os mercados deverão ficar particularmente sensíveis neste primeiro trimestre.
Fonte: Valor Econômico. Revisado por Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica.