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Taxa chinesa sobre suco de laranja já preocupa exportador brasileiro.
16 de abril | 2007
A expectativa de aceleração do crescimento das vendas de suco de laranja do Brasil para a China começa a mobilizar as grandes empresas exportadoras do segmento contra a tarifa de 35% que o gigante asiático cobra sobre a importação do produto concentrado e congelado transportado a granel.
Para fazer parte da Organização Mundial do Comércio (OMC), a China inicialmente aceitou reduzir a tarifa sobre as importações de suco de 76% para 26%. Com a evolução das negociações pró-liberalização, a taxa foi fixada em 7,5%, mas o forte crescimento dos embarques brasileiros a partir de então levou Pequim a resgatar seu protecionismo.
Assim, da mesma forma que a União Européia, no passado recente, mudou a classificação dos cortes de frango salgado para tirar competitividade dos frigoríficos brasileiros em seu mercado (em disputa que acabou na OMC), o governo chinês “ajustou” o conceito de suco congelado para evitar uma enxurrada de exportações de empresas como Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus Commodities, as maior exportadoras que operam no Brasil.
Pela atual classificação, só é suco congelado, passível de tarifa de 7,5%, o produto transportado a temperaturas abaixo de 18ºC, o que não se consegue com a exportação a granel, mas apenas com vendas em tambores, mais caras e de volume restrito. “É uma exigência que não existe em lugar nenhum do mundo”, diz Ademerval Garcia, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos (Abecitrus).
Garcia está na China esta semana para participar de um congresso sobre sucos de frutas. Representantes locais das empresas exportadoras também estão presentes e a tarifa chinesa estará em pauta, mas o executivo descarta, nesse momento, medidas extremas – como o pedido de abertura de comitê de arbitragem na OMC – para tentar derrubar a barreira.
A cautela se justifica. A China planeja multiplicar a produção de suco de laranja como fez com a de suco de maçã, e a principal referência para isso é o Brasil, que domina cerca de 80% das exportações mundiais da commodity. As empresas brasileiras já mantêm parcerias no país asiático, e ninguém no segmento duvida que, com o desenvolvimento chinês no ramo, os laços serão estreitados.
Em 2006, as exportações brasileiras de suco de laranja para a China alcançaram 80 mil toneladas, ante embarques totais de 1,3 milhão de toneladas. Estimava-se no início do ano que as vendas aos chineses chegariam a 100 mil toneladas, mas a escalada dos preços da bebida no mercado internacional – motivada pelos problemas de oferta na Flórida (EUA) – limitou o consumo no país.
Até 2015, a China espera produzir 1,5 milhão de toneladas por ano, mais do que se produz atualmente em território brasileiro, mas ainda assim o país prevê importações de 500 mil toneladas. Hoje a produção de suco não passa de traço estatísticos no país, mas o plantio de laranja, conforme Garcia, já avança a olhos vistos.
Fernando Lopes
Valor 16/4/2007