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UE diz não haver relato de problema com fungicida em suco de laranja

13 de janeiro | 2012

Bloco é o principal destino do produto brasileiro, com uma fatia superior a 70% de toda a bebida exportada pelo País

12 de janeiro de 2012 | 17h 51
Gustavo Porto, de O Estado de S. Paulo

RIBEIRÃO PRETO – A Associação Europeia de Suco de Frutas (AIJN) informou hoje, em nota à imprensa, que até o momento não foram relatados problemas em relação a excesso de carbendazim em cargas de suco de laranja importadas pelo bloco econômico. O produto químico é o princípio ativo para um fungicida utilizado, entre outras frutas, nas cítricas, como laranja. Na nota, a AIJN, que representa processadoras, misturadoras e engarrafadoras de suco de frutas, informa que “até hoje não foram relatados problemas quanto à presença de carbendazim em sucos de laranja; os consumidores europeus podem, assim, continuar a bebê-los”, informa.

A AIJN lembra que o máximo de resíduo do carbendazim na laranja é de 200 partes por bilhão (ppb) e na União Europeia (UE) há programas de rastreio de frutas e bebidas em todos os estados membros para assegurar que esse limite seja respeitado. Além disso, a própria entidade informa que tem um sistema de controle de qualidade para a triagem de bebidas de frutas no continente.

“Isso garante que as matérias-primas (suco de frutas concentrados e purês) utilizadas pela indústria, bem como os sucos de frutas embalados vendidos aos consumidores, cumpram normas europeias e nacionais de segurança e higiene; portanto, são seguros para o consumo”, informa. “Se um produto for identificado com um problema, então haverá um alerta rápido para todos os países”, completou.

A União Europeia é o principal destino do suco de laranja brasileiro, com uma fatia superior a 70% de toda a bebida exportada pelo País. As exportações do Brasil de suco de laranja movimentam cerca de US$ 2 bilhões por ano. Já a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), procurada desde ontem, não se manifesta sobre o assunto.

Testes nos EUA ainda não terminaram

Os testes para carbendazim no suco de laranja do Brasil e demais países que exportam para os Estados Unidos ainda estão em curso e, portanto, não há números sobre o volume do fungicida encontrado por país, informou hoje à Agência Estado a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês). “Ainda estamos pegando amostras e testando os produtos, portanto não podemos fornecer números por enquanto”, disse Tamara N. Ward, relações públicas da FDA, respondendo a perguntas feitas ontem por e-mail e hoje por telefone, de Washington.

Os EUA decidiram barrar a entrada de qualquer suco de laranja que contenha o fungicida e, segundo o FDA, a decisão tem efeito imediato. “Se encontrarmos níveis detectáveis de carbendazim, vamos negar a entrada. Não admitimos nenhum sinal de carbendazim”, declarou.

Segundo Ward, os EUA não estão exigindo ou dando prazo para que países deixem de usar carbendazim, desde que eles não o encontrem no suco que chega ao país. De acordo com ela, uma empresa fez testes no suco de laranja importado pelos EUA e encontrou de 10 a 35 partes do fungicida. “O uso da carbendazim é legal no Brasil, mas o suco exportado para os Estados Unidos não pode conter níveis quantificáveis dele, de 10 partes por bilhão de resíduos do fungicida ou mais”. No suco de laranja que a Europa importa do Brasil, o limite é de 200 partes por bilhão.

Ward também não respondeu se algum país já teve sua carga de suco de laranja rejeitada pelos Estados Unidos.

O governo brasileiro foi notificado ontem à noite pela FDA sobre a investigação que está sendo feita no suco de laranja em busca de carbendazim. Questionada se o governo brasileiro ou produtores do Brasil haviam contatado a FDA para discutir o assunto, Ward disse não saber de ter havido “nenhuma discussão nesse sentido”.


(Com Luciana Antonello Xavier, da Agência Estado)