São Paulo, 5 – De olho nos mercados internacionais para o álcool e preocupada com questões trabalhistas, a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), entidade que representa as usinas de açúcar e álcool no Estado, firmou ontem convênio com o Instituto Ethos, organização não governamental, para incorporar os preceitos de responsabilidade social à gestão estratégica das empresas.

O convênio é considerado o primeiro do gênero no agronegócio brasileiro e prevê a aplicação dos indicadores Ethos – que são uma ferramenta de auto-avaliação que mapeia o estágio de uma empresa em relação à responsabilidade social – em 98 usinas associadas à Unica. Os indicadores abrangem aspectos como meio ambiente, público interno, comunidades, relações com governo e sociedade, consumidores e clientes, fornecedores e também transparência e governança.

Até o fim deste ano, o objetivo é reunir as informações das empresas e elaborar um diagnóstico conjunto do setor, de modo que posteriormente as empresas possam buscar melhorias nas práticas sociais e ambientais.

“A crescente demanda interna pelo álcool combustível e o grande potencial do mercado externo, que precisará de um substituto para o petróleo, tornaram brutal a responsabilidade do setor”, afirma Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da Unica. “Sem uma postura de responsabilidade social, não teremos elementos para promover um produto que já é muito importante por ser ambientalmente correto”, frisou.

Mortes e denúncias

A preocupação do setor tem fundamento. Têm se tornado públicas as mortes de cortadores de cana nas lavouras de cana no Estado – foram 11, em menos de dois anos. O Ministério Público do Trabalho investiga se as mortes foram ocasionadas por excesso de trabalho, uma vez que os trabalhadores são remunerados por produtividade. Segundo a Procuradoria Regional do Trabalho da 15ª Região, existem 128 denúncias contra usinas em todo o Estado. A partir da próxima semana, a Delegacia Regional do Trabalho fará inspeções conjuntas com o Ministério Público para avaliar as condições de trabalho nos canaviais.

As informações são de O Estado de S.Paulo.