Cooperativa de crédito rural bate recordes e prevê avanço

13/04/2006
Laranja e cana movem Credicitrus Uchôa: "Estamos nos preparando para um futuro com menor participação do governo na liberação de crédito rural" Impulsionada pelos desempenhos dos segmentos de cana-de-açúcar e laranja, a Credicitrus, maior cooperativa de crédito rural do país, registrou resultados recordes em 2005 e acredita que deverá superá-los em 2006. O volume de operações de crédito do grupo totalizou R$ 1,232 bilhão no ano passado, 21,7% mais que em 2004. Na comparação, as captações da cooperativas subiram 29,5%, para R$ 430,6 milhões e o saldo das operações aumentou 24,4%, para R$ 430,6 milhões. Também engordaram o valor dos ativos totais (44,6%, para R$ 751,7 milhões) e o patrimônio líquido (26,8%, para R$ 154,4 milhões). Os números da cooperativa também mostram que, em relação aos resultados apurados em 2003, os de 2005 praticamente duplicaram. A Credicitrus encerrou 2003 com 8.915 associados. O número chegou a 10.900 em 2004 e alcançou 16.047 no ano passado. "Hoje já temos 17 mil, e poderemos chegar até 22 mil até o fim do ano", afirma Leopoldo Pinto Uchôa, presidente do grupo. Segundo Uchôa, a aceleração do crescimento da cooperativa em 2005 reflete o fato de que 80% de suas atividades estão concentradas em cana e laranja, dois dos poucos segmentos que se destacaram no agronegócio nacional no ano. E, como as perspectivas para as duas áreas seguem favoráveis, é possível, conforme ele, confiar em outro bom ano para a Credicitrus. No caso da laranja, o cenário hoje é promissor principalmente no que depende das cotações internacionais do suco, em elevado patamar - apesar da forte queda de ontem - por conta dos problemas de oferta na Flórida. O Brasil domina cerca de 80% das exportações mundiais de suco, mas o Estado americano, com um parque citrícola considerável, tem grande peso na formação dos preços. Tanto que, como observa Uchôa, nas atuais renegociações de contratos de fornecimento de laranja entre produtores e indústrias de suco o pêndulo pende para o citricultor, que vem conseguindo reajustes polpudos. "Na safra 2004/05, os produtores fecharam com as indústrias contratos de longo prazo fixados em US$ 2,50 a US$ 3 [por caixa de 40,8 quilos]. Em 2005/06, o valor chega a US$ 4,50, em média, e a safra será melhor", afirma o dirigente - que é produtor de laranja e cana no pólo de Bebedouro (SP) e pecuarista em Mato Grosso do Sul. No longo prazo, a cadeia citrícola também aposta em um horizonte menos carregado. Apesar do bom momento de preços, doenças nos pomares e acusações contra as indústrias - de dumping nos EUA e de formação de cartel no Brasil - desestabilizam o segmento e mantêm citricultores e empresas divididos. Como o cenário para os produtos da cana (açúcar e álcool) também é promissor, Uchôa acredita que o volume de operações de crédito da Credicitrus poderá superar R$ 1,5 bilhão em 2006. O presidente do grupo também estima que o patrimônio líquido da cooperativa deverá superar R$ 200 milhões. O avanço dos negócios está sendo seguido por uma expansão física. Ontem, na capital paulista, a Credicitrus abriu uma filial para ficar mais perto dos produtores com residência na cidade e da BM&F. "Estamos nos preparando para um futuro que tende a ter menor participação do governo na liberação de crédito rural". Uma nova linha de crédito com recursos do BNDES também deve dar fôlego extra à Credicitrus. Com ela, a idéia do governo é dobrar o patrimônio das cooperativas de crédito existentes. (Crédito – Fernando Lopes – Valor Econômico)