Centro APTA Citrus opina sobre a situação do Citricultor



08/06/2009

Entre a cruz e a espada

Sábio o ditado popular que ilustra muito bem a situação de
milhares de citricultores no atual momento de crise econômica internacional.
Se para muitos deles, mesmo as épocas de ´vacas gordas´ não significaram melhoria de suas condições, no momento de ´vacas magras´ a situação se agrava. As perspectivas de curto prazo são extremamente negativas. Fatores como: ausência de contratos, baixo preço spot da laranja, aparente queda no consumo mundial de suco, aparente desinteresse da indústria pelas variedades precoces, aumento do percentual de suco NFC no quadro geral da produção (= menor quantidade de fruta para o mesmo volume de suco), investigação de
formação de cartéis por parte do CADE/SDE, entrada do Ministério Público na investigação de cartel, agravamento e aumento do HLB no Estado, estão direcionamento e determinando o relacionamento entre produtor e indústria.
No entanto, por ser uma cultura perene, a citricultura não permite
movimentos brusco no sentido de mudança de rumo, obrigando o produtor a se manter em compasso de espera, reduzindo tratos culturais, controle de pragas e doenças e adubação. Esse constante acúmulo de períodos de indefinição agrava ainda mais a competitividade do citricultor que, quando quiser voltar controlar a produção sentirá a diferença na capacidade de resposta do pomar, refletida na queda da produtividade.  Com isso tudo se agrava o círculo de pobreza do citricultor até o completo abandono da atividade. Essa tem sido a história comum de milhares de citricultores nesses últimos anos.
Evidentemente que não existe uma fórmula mágica para resolver essa equação. As forças que regulam as relações entre as partes nesse mercado nem sempre, ou quase nunca, vêem os produtores como parceiros. Agem como se a laranja fosse ´um mal necessário na produção industrial´. Portanto, torna-se difícil vislumbrar mudanças significativas, enquanto o produtor depender de poucos compradores.
Urge oferecer ao produtor opções para se manter na citricultura. Nesse
sentido o Centro de Citricultura tem focalizado o desenvolvimento de
variedades direcionadas ao mercado de fruta fresca como uma opção
alternativa ao produtor que quer se manter na citricultura. Se por um lado, a pulverização do mercado de fruta fresca e, principalmente, a absoluta falta de controle da cadeia de comercialização por parte do produtor possa deixá-lo exposto, por outro sempre haverá uma saída na produção com qualidade e produtividade. É uma escolha difícil entre a cruz e a espada.
Quem sabe não seja a espada a arma que garantirá sua sobrevivência.

Autor: Marcos Antonio Machado

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