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Suco de laranja perde espao no exterior

27/01/2009

Fernando Lopes, de S?o Paulo


O mercado internacional de suco de laranja n?o ? mais o mesmo, e provavelmente nunca mais ser?. A tradicional commodity exportada pelo Brasil, que h? d?cadas domina o mercado mundial, n?o atrai mais tanto os consumidores e perde espa?o progressivamente.

O suco de laranja mesmo, leg?timo, integral, ficou para tr?s. ? preferido por consumidores cada vez mais velhos e de elevado poder aquisitivo, e deixado de lado pelas novas gera?es. Nas pr?ximas d?cadas, corre o risco de virar um s?mbolo do s?culo XX, por vezes revisitado e sujeito a ondas de saudosismo, sobretudo em pa?ses sem produ??o pr?pria da fruta e sem v?nculo com a bebida fresca. Nesses, como o Brasil, ainda haver? consumidores fi?is mesmo no consumo fora dos lares, mas em n?mero que tende a ser cada vez menor.

O fato ? que h? dez anos, quando sua produ??o mundial atingiu 2,5 milh?es de toneladas, o suco de laranja concentrado representava 53% do volume total de sucos vendidos no mundo. J? havia sinais de estagna??o do consumo em mercados maduros como o europeu, mas emergentes como a China eram uma esperan?a palp?vel. A aposta n?o vingou, e agora encara a crise financeira global. N?meros que circulam em eventos internacionais indicam que a oferta hoje ainda ? de 2,5 milh?es de toneladas, e que a fatia no total de sucos recuou para 37%.

C?lculos do Valor Data baseados em contratos futuros de segunda posi??o de entrega (normalmente a de maior liquidez) mostram que, em julho do ano passado, a cota??o m?dia do suco era 6,67% menor que no mesmo m?s de 2007 na bolsa de Nova York, enquanto a do a?car era 42,52% maior e a do caf?, 25,26% superior. Em Chicago, as cota?es m?dias de milho e soja eram 94,33% e 74,33% mais elevadas, respectivamente. Os gr?os s?o b?sicos para a alimenta??o, mas a?car e caf?, como o suco, n?o s?o indispens?veis.

em Nova York est?o no mais baixo patamar em cerca de quatro anos.

Segundo Maur?cio Mendes, presidente da consultoria AgraFNP e membro do Grupo de Consultores em Citros (Gconci), foi-se o tempo em que uma produ??o conjunta de laranja de S?o Paulo e Fl?rida - donos dos maiores parques citr?colas do planeta - inferior a 500 milh?es de caixas de 40,8 quilos da fruta produzia valoriza?es expressivas nas cota?es da commodity.

Ainda assim, as ?ltimas grandes ondas de alta dos pre?os internacionais do produto foram provocadas por problemas graves no lado da oferta. A ?ltima delas, entre 2004 e o in?cio de 2006, chegou a resultar em m?ximas hist?rias para as cota?es da commodity na bolsa de Nova York. Mas foi preciso, para isso, que duas temporadas consecutivas de furac?es destru?ssem boa parte dos pomares de laranja da Fl?rida, at? hoje em recupera??o.

Em consequ?ncia desse problema, a tonelada do suco de laranja concentrado brasileiro vendido na Europa chegou a atingir US$ 2,5 mil, ante os atuais US$ 1,3 mil.

H? anos a produ??o brasileira est? concentrada nas m?os de quatro grandes ind?strias - Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus. As duas primeiras, l?deres mundiais, s?o familiares e t?m suas origens na d?cada de 60; a Citrovita, a que mais cresce atualmente, ? do grupo Votorantim, e a LD, francesa, tamb?m ? familiar. A Cargill pertencia ao seleto grupo, mas deixou a atividade no Brasil. Todas empresas de capital fechado e pouqu?ssima transpar?ncia.

Para a Uni?o Europ?ia, principal destino das vendas brasileiras, os embarques de NFC, que custa 30% mais que o concentrado, aumentaram 23% ao ano entre 2003 e 2008, conforme um executivo do segmento. ? um salto ainda mais surpreendente se levado em considera??o que o consumo de suco de laranja em geral nos EUA, maior mercado do planeta e onde o NFC ? tradicional, recuou 29% entre 2000 e 2008.

Da? porque os estoques americanos de suco de laranja se mant?m em elevado patamar - acima 400 mil toneladas do produto concentrado, conforme Maur?cio Mendes - apesar de a Fl?rida ainda n?o ter recuperado todo o seu potencial produtivo ap?s a crise dos furac?es. Da? tamb?m as sobretaxas que oneram o suco brasileiro no mercado americano permanecerem de p?.

Em 2008, os embarques brasileiros do suco n?o congelado renderam US$ 852,2 milh?es no total, 20,1% mais que em 2007, conforme a Secretaria de Com?rcio Exterior (Secex). J? as exporta?es do suco congelado recuaram 25,8% na mesma compara??o, para US$ 1,145 bilh?o - pouco acima do resultado de 2000, quando as vendas atingiram US$ 1 bilh?o. Na soma dos dois produtos, US$ 2 bilh?es em 2008, queda de 11,2% em rela??o ao ano anterior.

Tamb?m para estar mais perto de seus principais clientes - e n?o apenas por quest?es relacionadas ? seguran?a de sua fam?lia - que Jos? Luiz Cutrale, filho do fundador da Cutrale (falecido em 2004) e um dos empres?rios mais ricos do pa?s, estabeleceu resid?ncia em Londres j? h? algum tempo. Em tempos bicudos, parcerias como a que a Cutrale mant?m com a Coca-Cola ou a Citrosuco com a Pepsi s?o vitais.

O executivo que chamou a aten??o para a import?ncia dessas rela?es admite que o cen?rio de curto prazo ? sombrio e que no m?dio e longo prazos o suco de laranja, em seu papel de ingrediente, depender? da evolu??o da demanda por outras bebidas, tanto em mercados maduros como o europeu quanto em desenvolvimento como o chin?s. Mas tamb?m confia nas vantagens do suco integral para que o produto, sobretudo o NFC, n?o fique definitivamente no papel de coadjuvante.

Da? Coca e Pepsi comprarem empresas de sucos . Exemplos disso foram a aquisi??o da mexicana Del Valle pela Coca-Cola, em 2006, ou a oferta de US$ 2,5 bilh?es que a gigante americana fez pela chinesa Huiyuan Juice, no fim de 2008. Para a Pepsico, uma das tacadas mais importantes foi dada no in?cio do ano passado, quando arrematou a maior companhia de suco de R?ssia, a JSC Lebedyansky , por US$ 1,4 bilh?o.

Em novembro de 2008, um grande evento em Washington debateu as tend?ncias globais para o mercado de sucos em geral. Representantes das grandes empresas brasileiras, que respondem por boa parte da produ??o dos EUA, estiveram presentes, particularmente interessados nas tend?ncias para as bebidas "concorrentes". Afinal, o sonho de que um dia cada chin?s poderia tomar um copo de suco de laranja por ano parece ter ido por ?gua abaixo, mas a esperan?a de que a demanda por produtos mais baratos, com laranja, continue crescendo permanece viva.

Fonte: Valor


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