17/04/2009A Cutrale e a Citrosuco det?m quase 70% da produ??o brasileira de suco de laranja. A concentra??o preocupa os agricultores
Por Bruno Della Latta
EXAME At? meados do ano passado, apenas cinco empresas controlavam 80% do com?rcio mundial de suco de laranja. Todas possu?am f?bricas no Brasil e respondiam por 4,5% das exporta?es do agroneg?cio do pa?s. Se o mercado j? era concentrado, tornou-se ainda mais desde julho de 2004, quando a Cargill, quarta maior companhia do setor, anunciou a venda do seu neg?cio de suco de laranja no pa?s para a Cutrale e a Citrosuco, as duas maiores do ranking. Essas duas ind?strias passaram a produzir quase 70% do suco de laranja brasileiro e a deter 56% do mercado mundial. Em maio deste ano, a Secretaria de Direito Econ?mico (SDE), do Minist?rio da Justi?a, e a Secretaria de Acompanhamento Econ?mico (Seae), do Minist?rio da Fazenda, emitiram pareceres sugerindo a aprova??o da venda. De acordo com os pareceres, essa opera??o n?o prejudicaria os agricultores envolvidos na cadeia de produ??o.
O caso ainda n?o foi julgado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econ?mica (Cade), mas os agricultores esperam que a venda da Cargill seja aprovada com restri?es, acompanhada de medidas que compensem a perda do seu poder de negocia??o. Os produtores afirmam que o fortalecimento das ind?strias se baseia na forma??o de um cartel. De acordo com os argumentos dos agricultores, as quatro grandes empresas -- Cutrale, Citrosuco, Coinbra-Frutesp e Citrovita -- determinariam n?o s? o pre?o da fruta pago ao agricultor como tamb?m o do suco vendido ao exterior. Segundo Fl?vio Pinto Viegas, presidente da Associa??o Brasileira dos Citricultores (Associtrus), o suposto cartel come?ou a tomar corpo em 1991, quando a Frutesp, que pertencia a uma cooperativa de produtores, foi vendida ao grupo franc?s Louis Dreyfus. A Frutesp pagava aos citricultores o mesmo valor dos concorrentes mais uma participa??o nos lucros. Isso gerava certa competi??o en tre as ind?strias, e os pre?os variavam conforme a oferta e a procura.
Publicado em Exame| 11.08.2005