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O subsdio agrava a fome

22/02/2010

Alberto Tamer

A fome atinge 1 bilh?o de pessoas, mas n?o h? crise alimentar no mundo

A fome atinge 1 bilh?o de pessoas, mas n?o h? crise alimentar no mundo. No ano da grande fome nos pa?ses subdesenvolvidos, em 2008, a safra mundial de gr?os foi a maior da hist?ria. Teria dado para alimentar o dobro da popula??o mundial e ainda estocar. Houve reuni?es de chefes de Estado, promessas sem fim, mas nada mudou. O desafio alimentar de 2008 foi provocado principalmente pela alta de 145% dos pre?os do gr?os; em alguns casos, chegou a 300%. Isso foi provocado por anos sucessivos de exuberante crescimento econ?mico e falta de investimentos na agricultura. S?o fatos reconhecidos, mas n?o superados. Hoje, h? s?ria amea?a que tudo se repita.

PROMESSA N?O CUMPRIDA

O alerta foi feito na quinta-feira, em Roma, pelo diretor-geral da Organiza??o das Na?es Unidas para a agricultura e Alimenta??o (FAO), Jacques Diouf. Ele foi corajoso: N?o vimos nem um centavo dos US$ 20 bilh?es que os l?deres mundiais prometeram durante a c?pula do G-8 em LAquila, na It?lia. E, acrescenta ele, os pre?os das commodities agr?colas est?o voltando a aumentar.

Essa den?ncia coincide com a chegada ?s livrarias do livro do correspondente do Estado em Genebra, Jamil Chade, O mundo n?o ? plano - a trag?dia silenciosa de 1 milh?o de famintos, das editoras Virg?lia e Saraiva, com fotos de Juca Chaves. Um livro excepcional e valioso, que recomendo. Ser? lan?ado no dia 4, no Shopping Higien?polis, das 19h30 ?s 22 horas.

O autor mostra n?o s? o drama dos pa?ses africanos, mas tamb?m que os subs?dios agr?colas nos pa?ses ricos derrubam os pre?os e inviabilizam a agricultura dos mais pobres. Apresenta um cen?rio minucioso das negocia?es in?teis em Genebra, Bruxelas e Roma.

Chade viajou longamente com o diretor da FAO, participou de todas as reuni?es da entidade, ouviu dezenas de embaixadores, ministros, economistas e, ao lado da descri??o objetiva dos fatos, faz an?lises l?cidas com base num volume impressionante de dados. Viu a dura realidade e voltou a Genebra e Bruxelas para chocar-se com a fria rea??o dos que poderiam fazer alguma coisa, que tratam do drama da fome como um assunto qualquer. Fazem promessas que n?o s?o cumpridas. E convoca-se mais uma reuni?o.

Chade faz o contraponto entre a trag?dia africana e o luxo dos hot?is em que esses encontros se realizam.

A fome est? provocando a morte de 6 milh?es de crian?as por ano, uma a cada cinco segundos, de acordo com a FAO. Mesmo assim, n?o ? uma prioridade para os pa?ses desenvolvidos.

A fome ? um problema localizado, provoca mortes, mas n?o afeta a economia mundial, pois o aumento dos pre?os das commodities beneficia os pa?ses exportadores. Para o Programa Mundial de Alimenta??o, alimentar diariamente 75 milh?es de pessoas custa apenas US$ 6 bilh?es por ano, mas nem esse dinheiro a ONU consegue.

SUBS?DIOS DEVASTADORES

Mas por que eles mesmos n?o produzem? Porque n?o t?m recursos. Secas sucessivas est?o transformando em deserto ?reas que antes eram de plantio. Mas, acima e tudo, diz Jamil Chade, ? porque, mesmo que produzissem mais, n?o poderiam concorrer com pa?ses que subsidiam generosamente produ??o e exporta??o. ? o subs?dio americano e europeu que agrava o drama africano e de alguns pa?ses asi?ticos.

Eles poderiam plantar para comer, mas n?o t?m sementes, fertilizantes. E o correspondente do Estado volta a Genebra e Bruxelas para descobrir que uma vaca na Su??a recebe US$ 3 de subs?dio por dia, tr?s vezes mais do que ganha em m?dia um trabalhador rural africano - isso quando encontra emprego, o que ? raro.

E O PETR?LEO?

Sim, tem o petr?leo. Mas ele ? exportado, sai sem deixar riqueza. A China lidera o avan?o para o seu saf?ri na Nig?ria, ironiza Chade. A invas?o dos chineses deixa at?nito sobretudo os governos de outros pa?ses, al?m do pr?prio povo nigeriano. Dos quase 3 milh?es de barris que a China importa diariamente, 1 milh?o ? da ?frica, principalmente da Nig?ria, de Angola e do Sud?o, com os quais firmaram acordo para extrair e importar mais. A Nig?ria produz 2,6 milh?es de barris por dia, mas pode chegar a 4 milh?es neste ano com os investimentos estrangeiros.

Vai tudo embora. A China apoia qualquer governo, quanto mais corrupto, melhor, e, quando se fala de viola??o de direitos humanos, diz que ? assunto interno. Ela j? p?s em ?rbita um sat?lite de comunica??o nigeriano ao custo de US$ 300 milh?es, para melhorar a comunica??o com o pa?s, mas principalmente para obter informa?es sobre o Golfo da Guin?, rico em petr?leo.

CONCLUS?O ASSUSTADORA

O que deixa s?o migalhas reluzentes, pain?is gigantescos mostrando ao pobre nigeriano o que a China faz por eles. Algumas estradas, recuperando hospitais decr?pitos, escolas aqui e ali, migalhas, comparadas com a riqueza que levam. A riqueza do petr?leo est? onde ? refinado e consumido, na constru??o de ind?strias, de polos petroqu?micos, n?o onde s? se extrai. Est? na China, n?o na Nig?ria. E isso num pa?s politicamente tumultuado, onde persiste a trag?dia de Biafra, onde 1 milh?o de pessoas que queriam comida e liberdade foram massacradas.

A conclus?o assustadora ? que a humanidade ainda est? lutando contra um inimigo conhecido h? s?culos e j? se sabe como derrota-lo. Mas esse n?o ? um assunto priorit?rio.

O Estado de S. Paulo


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