19/07/2010
Fonte: O Globo (14/06/2010)

Reuters/Brasil Online - CORDEIR?POLIS, S?o Paulo - A cana-de-a?car deve ganhar mais alguns milhares de hectares de terras antes dedicadas ? laranja no Estado de S?o Paulo, ap?s anos de baixa remunera??o ao produtor e tamb?m pelos custos adicionais e preju?zos gerados pelo ataque das doen?as c?tricas.

A conclus?o ? de duas pesquisas divulgadas na 32a Semana da Citricultura, em Cordeir?polis (SP), que apontam que boa parte dos produtores est? desmotivada com a laranja, avaliando reduzir a ?rea em favor de canaviais ou pastagens.

Segundo pesquisa do Sindicato Rural de Ibitinga e Tabatinga, importante regi?o citr?cola de S?o Paulo, 38 por cento dos citricultores afirmaram que "est?o reduzindo" seus pomares. E desses, 51 por cento disseram que est?o migrando para a cana, arrendando parte de suas terras para o setor canavieiro.

"Acho que os resultados refletem uma boa m?dia do que est? ocorrendo no Estado. O perfil dos nossos produtores ? parecido com o de outras regi?es", afirmou o presidente do sindicato, Frauzo Ruiz Sanches, durante debate no evento de Cordeir?polis, encerrado nesta sexta-feira.

Levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avan?ados em Economia Aplicada) tamb?m apontou resultados semelhantes em v?rias regi?es do Estado.

Na regi?o central, onde est?o os produtores ligados ao sindicato de Ibitinga, "haver? redu??o de 2 por cento na ?rea", revelou Margarete Boteon, do Cepea.

"Essa redu??o ocorre pelos problemas de doen?as e pela baixa remunera??o ao longo dos ?ltimos anos", acrescentou Sanches.

Pragas como o greening, que exige a erradica??o da ?rvore e que est? se alastrando por S?o Paulo, est?o pressionando a rentabilidade do produtor, j? afetada pelos baixos pre?os pagos pela fruta destinada ? ind?stria na ?ltima d?cada.

Em dez anos, o pre?o da laranja sofreu uma perda real de 20 por cento, segundo estudo do Cepea.

O presidente do sindicato disse ainda que a pesquisa da entidade foi feita durante as negocia?es deste ano, que resultaram em uma melhora na remunera??o . Mas ele afirmou n?o ter notado grande diferen?a nas respostas daqueles que responderam a sondagem antes e depois do pico dos acordos.

TEND?NCIA MANTIDA
Esse movimento apontado pelas recentes pesquisas mostra que est? mantida uma tend?ncia verificada na ?ltima d?cada em S?o Paulo, que responde por quase a totalidade das exporta?es de suco de laranja do Brasil, o maior exportador mundial da commodity.

A ?rea dedicada ? laranja no Estado de S?o Paulo, que responde por cerca de 85 por cento da fruta colhida no Brasil, j? caiu 23 por cento na ?ltima d?cada, para cerca de 700 mil hectares, com muitos laranjais cedendo espa?o para a cana, cujo plantio praticamente dobrou no per?odo no embalo da bioenergia, para mais de 4 milh?es de hectares, segundo dados de governos.

Para o Cepea, a oferta da fruta no Estado s? n?o foi reduzida drasticamente na ?ltima d?cada, apesar da queda de ?rea, porque a produtividade cresceu 25 por cento, especialmente com novas tecnologias de cultivo, como o plantio adensado (?rvores mais pr?ximas uma da outra).

A pesquisadora do Cepea alertou ainda que, com o aumento da incid?ncia do greening, o "salto" verificado na produtividade na ?ltima d?cada dificilmente vai se repetir nos pr?ximos anos. A doen?a tamb?m eleva os custos e limita novos investimentos.