12/10/2005
Grandes produtores s?o apenas 0,3% do total e det?m 28% dos pomares em SP

A produ??o e os novos plantios de laranja no cintur?o citr?cola comercial brasileiro, entre S?o Paulo e o sul do Tri?ngulo Mineiro, est?o cada vez mais concentradas nas m?os dos grandes citricultores, entre os quais se incluem as empresas processadoras de sucos c?tricos. A regi?o tem o maior pomar citr?cola do planeta, com cerca de 280 milh?es de plantas, e ? a maior produtora e exportadora mundial de suco de laranja.

De acordo com os dados da consultoria Valio Intelig?ncia Competitiva, apresentados ontem, no Dia da Laranja, em Cordeir?polis (SP), existiam nessa regi?o, at? meados deste ano, ao final da safra 2004/05, cerca de 9.965 produtores. Mas, do total de p?s da fruta, 28,1% s?o cultivados pelos 0,3% produtores considerados grandes, que possuem mais de 500 mil plantas. J? os pequenos produtores, com menos de 10 mil p?s, ainda representam 71,2% do total de citricultores, mas t?m apenas 13,4% das plantas na regi?o. A Valio diz que o cen?rio para a safra 2006/07 aponta para uma concentra??o ainda maior, com aumento para 30,5% dos p?s de laranja nas m?os dos grandes e a queda para 8,8% dos p?s da fruta distribu?dos entre os pequenos. "Com isso, estimamos um aumento de 19,6 mil p?s por produtor para 28,3 mil p?s em 2006/2007, um crescimento absurdo", disse Andr? Marques V?lio, diretor da consultoria. Entre os dados que sustentam as previs?es, a empresa aponta que 100% dos grandes produtores e apenas 5% dos pequenos citricultores fazem novos plantios para amplia??o ou renova??o dos pomares. Um levantamento feito em um raio de 100 quil?metros das regi?es citr?colas no entorno das cidades paulistas de Uch?a e Bebedouro apontou que 863 produtores de laranja deixaram a atividade entre 2004 e junho de 2005.

Esse per?odo coincide com a concretiza??o da venda das unidades processadoras da Cargill no Brasil, uma em cada munic?pio, para a Cutrale e a Citrosuco. "A grande maioria, cerca de 90% dos produtores, migrou para a cana-de-a?car, erradicando o pomar, arrendando a terra ou mesmo plantando a nova cultura", disse o consultor.

Ent?o a cana-de-a?car ? a sa?da para o citricultor? Na avalia??o de Waldir Fernandes J?nior, professor da Faculdade de Ci?ncias Agr?rias e Veterin?rias da Unesp de Jaboticabal (SP), se o citricultor receber mais que US$ 2,48 por caixa de laranja (40,8 kg) entregue ? ind?stria, ele deve continuar na atividade, porque ainda teria lucro com a laranja.

Pol?mica entre produtores, a estimativa feita por Fernandes, baseada em diversos levantamentos de pre?os, aponta que, apesar dos crescentes riscos de pragas e do alto capital necess?rio para um investimento num pomar at? que ele produza comercialmente - quatro anos, em m?dia -, hoje, a laranja rende mais ao produtor. Isso porque a maioria dos citricultores recebe entre US$ 3,10 e US$ 3,50 por caixa da fruta, o que pode dar um lucro de at? US$ 1 por caixa ao produtor em compara??o ao piso apontado como vi?vel por Fernandes. Mas se o pre?o recebido pela caixa ficar entre US$ 2,36 e US$ 2,48, o produtor deve optar pela cana-de-a?car, pois teria preju?zos se cultivasse a laranja. "Com o pre?o abaixo de US$ 2,36 por caixa, o citricultor pode desistir. No entanto, ainda n?o existe uma cultura que d? maior renda do que a laranja, s? que o produtor tem de ter um bom capital para imobilizar, pois ? preciso esperar quatro anos para ter lucro", reafirmou Fernandes.

"Com a cana, voc? consegue produzir comercialmente em at? um ano, por isso, muitos optam pela migra??o", completou.

Cr?dito - Gustavo Porto - Estad?o - economia@estado.com.br