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Divórcio?

21/06/2011
Grandes casamentos empresariais brasileiros, como Pão de Açúcar e Casino, Perdigão e Sadia, TAM e Lan, atravessam seu inferno astral

Isto é Dinheiro.

Por Tatiana Bautzer e Guilherme Queiroz

Alguns dos maiores casamentos empresariais dos últimos anos estão passando por crises. São casos rumorosos, envolvendo maior rigor dos órgãos de defesa da concorrência ou conflitos societários. Só nas últimas semanas, foram ameaçadas uniões como a da Sadia com a Perdigão, a fusão entre as companhias aéreas TAM e Lan e o acordo de acionistas entre o empresário Abílio Diniz e o francês Casino no Grupo Pão de Açúcar. Os arranjos, que pareciam indissolúveis, entraram em fase de discussão da relação.

A Brasil Foods, gigante que resultou da fusão da Sadia e da Perdigão, com faturamento de R$ 22 bilhões anuais, está disposta a abrir mão de alguns preciosos anéis para preservar os dedos. Tudo para evitar que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) reprove a fusão, como queria o relator do caso, Carlos Ragazzo, ou determine a venda pura e simples da Sadia. A cúpula da companhia, incluindo o presidente José Antônio Fay, foi a Brasília para negociar uma saída honrosa e conseguiu, na quarta-feira 15, adiar o julgamento do caso pelo menos até o fim deste mês.


Líderes em apuros: (da esquerda para a direita) Diniz, Naouri, Secches, Furlan, Cueto e Bologna


A empresa considerou o adiamento uma vitória. O que precisamos é dar tempo aos demais conselheiros, disse Wilson Mello, vice-presidente da BR Foods. A tarefa da empresa que resultou da união das companhias lideradas por Nildemar Secches e Luiz Fernando Furlan não será fácil. Terá de convencer pelo menos três conselheiros a votar contra o relator.

Segundo fontes que acompanham o assunto, a empresa está disposta a colocar na mesa de negociações a venda de fábricas, opção até agora não oferecida, e um grande portfólio de marcas, que poderia incluir Batavo e Confiança, além de Wilson, Excelsior, Resende, Claybon e Deline. Os ativos a serem passados adiante podem representar 20% ou mais do faturamento.

Há pelo menos uma candidata explícita aos ativos: a Tyson Foods, que manifestou interesse ao próprio Cade. Mas, segundo fontes próximas à companhia, também estariam interessados JBS, Marfrig, além de fundos soberanos e empresas da China e de países do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, e alguns fundos internacionais de private equity. O valor dos ativos vendidos dependerá do tamanho do pacote negociado com o Cade, mas as estimativas oscilam entre R$ 2 bilhões, caso a alienação for apenas de marcas de combate, e R$ 14 bilhões, no caso de venda da Sadia.



Esta última alternativa é defendida pelo relator Ragazzo. Para ele, a providência é necessária para defender os consumidores de eventuais abusos nas gôndolas dos supermercados que a persistência da união permitiria Ragazzo cita a possibilidade de aumento de até 40% nos preços. A BR Foods, que admite ter até agora integrado apenas a administração financeira, as ações na bolsa de valores e a promoção de exportações, nega essa possibilidade. Mas alguns varejistas já notaram uma redução na acirrada concorrência que Sadia e Perdigão faziam em promoções de congelados, por exemplo.

Independentemente do resultado final do caso BR Foods, o imbróglio é revelador de uma mudança no cenário em que até agora se desenvolviam os processos de fusões e aquisições. O fato é que as empresas estão tendo de lidar com um maior rigor dos órgãos da concorrência, o que demanda mais atenção no planejamento desse tipo de operação. Presidente do Cade até 1996, o advogado Ruy Coutinho acredita que o órgão mudou nos últimos anos. Talvez o Cade fosse menos exigente antigamente, como na época em que foi aprovada a fusão da Ambev, diz Coutinho.

Executivos de bancos especializados em fusões e aquisições acreditam que a mensagem que o Cade está passando é clara. O argumento de criação de uma empresa campeã nacional não está mais colando, afirma um especialista. Também mudou o próprio ambiente econômico, como observa outro ex-presidente do Cade, o economista Gesner de Oliveira. O tamanho dos negócios aumentou, acompanhando a evolução da economia brasileira, diz Oliveira.


Linha dura: Carlos Ragazzo defende a reprovação da fusão entre Sadia e Perdigão


O Cade está testando o caminho de reprovar mais operações. A negativa mais ruidosa , até agora, é a reprovação da compra da Garoto pela Nestlé, em 2004. Mas não faltam casos mais recentes, como o da aquisição da Cimento Tupi pela Polimix, e a compra da Saint-Gobain, pela fabricante de vidros Owens Corming. Outro negócio bilionário na berlinda é a combinação entre TAM e Lan para criar a maior companhia aérea da América do Sul, a Latam. A operação está emperrada à espera de aprovação do órgão de concorrência chileno, o Tribunal de Defesa da Livre Competição.

O diretor-geral da Lan, o chileno Ignacio Cueto, declarou recentemente que poderia até avaliar uma associação com a Gol se o acordo com a TAM for barrado. A Latam propôs medidas de estímulo à entrada de um novo competidor na rota Santiago à São Paulo, com maior número de voos entre essas cidades, para conseguir a aprovação do órgão regulador. O presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, não comentou o assunto, mas disse estar confiante na aprovação da fusão.

Na hipótese improvável na nossa opinião é de a Lan vir a ser impedida de levar adiante a fusão com a TAM, continuaremos fiéis à nossa visão e buscando essa consolidação do setor aéreo, afirmou Bologna. Por razões bem diferentes, também está em crise o casamento entre o empresário Abilio Diniz e a rede francesa Casino, sua sócia no grupo Pão de Açúcar. Diniz enfureceu o presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, ao iniciar contatos com o arquirrival Carrefour para uma eventual fusão.



A iniciativa motivou um recurso do Casino à Câmara de Arbitragem Internacional, já que pelo acordo da holding Wilkes, criada em 2006, quando da associação de Diniz com os franceses, nenhum dos sócios pode negociar associações sem a anuência do outro. Pelo acordo, o Casino tem a opção de adquirir o controle do Pão de Açúcar no ano que vem.

Na semana passada, o Casino mandou mais um alerta pouco sutil: aumentou em 3,3% sua participação no Pão de Açúcar, para 37%, num investimento de R$ 570 milhões. O Casino reitera sua intenção de fortalecer (...) a posição em mercados em rápido crescimento, afirmou, em comunicado, a empresa francesa. Com um histórico de brigas em que levou a melhor, Diniz não está colocando seu casamento em risco por pouca coisa. Se arrematasse a operação do Carrefour no Brasil, ficaria com 23,5% do mercado de varejo no País, mais que o dobro dos 11% da rival Walmart, segundo a consultoria Planet Retail.

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