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Cenário geral e futuro da citricultura

25/07/2011

Por: Flávio Viegas

Em junho encerrou-se a safra 2010-11. Segundo relatório publicado pelo USDA, a área de laranjas em São Paulo era de 600 mil ha, o número de árvores produtivas era de 167 milhões e a produção estimada foi de 273 milhões de caixas, das quais foram processadas 244 milhões de caixas que foram adicionadas aos 15 milhões de caixas processadas nos demais estados. A produção estimada, de 1100 mil t equivalentes a 65º brix somadas ao estoque inicial de 128 mil t, levou a uma oferta de 1228 mil t.

As exportações registradas pela SECEX totalizaram 1166 mil t equivalentes a 65º brix, o que reduziria o estoque para 62 mil t, muito abaixo do volume necessário para a manutenção da qualidade e da operação do sistema de transporte a granel. Os registros da SECEX indicam a exportação de 971 mil toneladas de suco concentrado a um preço médio de US$ 1.756,75/t e 1.063.279 t de NFC ao preço médio de US$ 370,76.

Os preços reportados em informativos especializados como Foodnews e o Market News Service do ITC, indicam preços médios da ordem de US$ 2500/t para o FCOJ a 66º brix e de US$ 750/t para o NFC na Europa. Mesmo deduzindo-se US$ 158,39 de custos logísticos, financeiros e de comercialização, reportados no trabalho do Markestrat, há uma diferença da ordem de US$ 585/t de concentrado e de US$ 220,85/t de NFC, o que representa uma perda superior a US$ 800 milhões para a nossa economia.

A proposta de financiamento do estoque de suco de laranja foi feita pelo governo com a intenção de manter os preços da caixa de laranja no patamar de R$ 15 a 16 da safra passada, porém, no decorrer das negociações, por pressão das esmagadoras, o preço mínimo, que havia sido calculado em uma planilha já desatualizada, e estava definido a R$ 11,80, foi reduzido para R$ 10,00 e foi imposto pela indústria como preço oficial, “definido pelo governo”, numa total distorção dos fatos em relação às intenções.

Habilmente explorando a boa fé, o desespero e a falta de organização dos produtores, a indústria impôs o “Conse-CitrusBR” que “oficializa” práticas como a uniformização dos preços e da data do início das negociações, a participação dos produtores baseada nos “relatórios auditados” fornecidos pela indústria e nos preços da Bolsa, também manipuláveis, a distribuição da participação em 60% para a indústria e 40% para o produtor, entre outras medidas.

Por outro lado, a questão do estoque ficou em segundo plano e sem definições importantes como o volume mensal e a qualidade do produto a ser estocado, onde o estoque será mantido, como será feita a auditagem, como será definida a liberação dos estoques, qual a participação dos produtores na venda, etc.

É importante registrar que, em junho, as exportações de suco de laranja em t equivalentes a 66º brix totalizaram 100,7 mil t, um crescimento expressivo em relação a junho de 2010, que registrou 81 mil t e mais expressivo ainda em relação a maio deste ano, que aponta para um volume de 51,6 mil t.

Em nossa apresentação na semana da citricultura, com base na apresentação do diretor do Departamento de Citrus da Flórida- o economista Robert Norberg- demonstramos que, ao contrário do que a indústria vem propalando, o mercado de suco de laranja, embora se tenha reduzido nos EUA, vem crescendo nos outros mercados e deverá continuar crescendo a taxas superiores a 3% ao ano, o que foi confirmado por Ademerval Garcia, hoje dirigindo uma trading, formada por uma joint venture da família Cutrale, através da empresa inglesa Burlingtown, e a Coca Cola. A má noticia é que o Brasil não poderá fazer frente ao aumento de demanda e não por falta de competitividade, mas por não ter produção suficiente.

Com relação à produtividade, os nossos índices são comparáveis ou superiores aos da Flórida, quando comparamos os dados da valência com os dados da citricultura de São Paulo.

Dados publicados pela FAO confirmam que nossos níveis de produtividade só são superados por poucos países e onde a citricultura é irrigada e, com relação aos preços recebidos pelos produtores, nós nos situamos entre os que recebem os menores preços. Isso se deve às distorções impostas pela (cartelização?) concentração e verticalização da indústria, que vêm tirando a competitividade do Brasil neste mercado que conquistamos baseados numa citricultura de pequenos e médios produtores que hoje querem destruir.


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