22/08/2011 O crescimento econmico resulta em aumento nos padres de consumo pressionando, ainda mais, a utilizao de recursos. Se continuarmos neste ritmo em breve esgotaremos os recursos naturais. Precisamos mudar nosso estilo de vida.
Jos de Sampaio Ges, Engenheiro Agrnomo e Diretor de Meio Ambiente da Sociedade Rural Brasileira.
At recentemente o homem era consciente apenas de sua relao com o ambiente imediato. Sentia-se marginalmente envolvido com os problemas ambientais de carter nacional, e no se sentia envolvido com a ecologia do Planeta.
Atualmente, os horizontes ampliaram-se e nossa perspectiva passou a incorporar a realidade mundial. Adquirimos conscincia que nossa ao individual pode causar efeitos que interfiram na vida de outras naes e das futuras geraes.
Nos ltimos 40 anos, a populao mundial duplicou, a produo agrcola triplicou, o consumo de combustveis fsseis quadruplicou e os problemas ambientais multiplicaram-se proporcionalmente.
Nosso sistema econmico muito resistente a mudanas. Pensamos e agimos, dirigidos por premissas errneas, como estas:
- Crescimento econmico a qualquer custo fundamental ao bem estar da humanidade.
- O Homem pode sobreviver sem a Natureza.
Como consumidores no queremos pagar pela degradao dos recursos naturais e do meio ambiente. Esquecemos que nosso bem estar depende das plantas verdes, no s para alimentao, mas tambm para a produo de ar puro, gua pura, controle da temperatura global, entre outros e vivemos despreocupados enquanto destrumos a biosfera.
Para avaliarmos a atividade humana, como parte do ecossistema, devemos levar em conta a porcentagem que o homem utiliza do total de recursos produzido pela fotossntese no planeta. A Produo Primria Lquida (PPL) o total de energia solar captada (por fotossntese) pelas plantas verdes, menos a energia utilizada por elas prprias em seu crescimento e reproduo. Assim, a PPL o recurso alimentar bsico para todo ser vivo, que no capaz de realizar a fotossntese. Atualmente, mostram os clculos, 25% da PPL, consumida pelos homens na forma de: alimentos, energia, fibras, madeira, etc... acrescida a reduo devida a degradao dos ecossistemas, por ns provocada com: o desflorestamento, a desertificao, a urbanizao, etc.
O crescimento demogrfico descontrolado uma impossibilidade ecolgica, no entanto nossa populao atingir nove bilhes em 40 anos! O crescimento econmico resulta em aumento nos padres de consumo pressionando, ainda mais, a utilizao de recursos. Se continuarmos neste ritmo em breve esgotaremos os recursos naturais. Precisamos mudar nosso estilo de vida.
O modelo econmico, do mundo moderno, trabalha basicamente com duas variveis para avaliao de seu desempenho: a escala de produo e a alocao de recursos, mas despreza o fato que nosso planeta possui uma capacidade limitada para produzir os recursos naturais que utilizamos.
At agora nossos modelos de produo no se preocuparam em respeitar o "modelo econmico" da natureza. A continuar neste caminho faremos o planeta "naufragar" sob o peso de nossas exigncias.
A preservao do meio ambiente no apenas uma questo de vida selvagem, florestas, ar limpo, depleo da camada de oznio - mas sim um modelo econmico que funcione dentro das limitaes da natureza. J comeamos a perceber que o modelo macro econmico a base da crise ambiental.
Rendimento deve ser o mximo que uma pessoa ou comunidade pode consumir, durante um perodo, desde que as quantidades finais e iniciais sejam as mesmas. Qualquer consumo que no seja sustentado no pode ser considerado rendimento.
O problema em nossa economia atual que o nico capital que ns mantemos intacto o que foi criado pelo homem. Ns nos esquecemos do capital natural: os ecossistemas, dos quais extramos recursos naturais e servios sem os quais no existiria nenhuma produo humana.
No compreendemos bem os ecossistemas, por isso o resultado de nossas aes nos tem causado surpresas como: aquecimento global, chuvas cidas, desaparecimento de espcies, todas desagradveis.
S poderemos reagir de duas maneiras:
I- Aumentar o controle ambiental de modo a internacionaliz-lo, o que acabaria resultando numa economia mundial planejada, ou
II- Diminuir a escala da interferncia humana a um nvel que permita a natureza funcionar no "piloto automtico".
A habilidade humana na centralizao econmica no inspira otimismo devido a acontecimentos recentes, logo o melhor critrio diminuir a intensidade da atividade econmica, para que a interferncia humana seja compatvel com os mecanismos naturais de compensao.
Para que isto seja possvel, necessrio que cada pas faa um balano das necessidades atuais e futuras, de sua populao, reas agricultveis e demais recursos naturais. Obtidos estes dados, todas as naes devero estabelecer um plano de ao a longo prazo, visando adequar seu crescimento, econmico e populacional, s disponibilidades de seus recursos naturais, e s tecnologias disponveis para explor-los. A implantao desta nova ordem socioeconmica que respeita a sustentabilidade da natureza depender basicamente da ao social e poltica. As leis de mercado, da maneira como so concebidas, jamais nos conduziro a uma convivncia harmnica com nosso planeta.
A Terra precisa trabalhar como um nico corpo a fim de salvar a humanidade e todas as outras formas de vida de um desastre ambiental. A natureza pode sobreviver sem o homem, mas o homem no pode sobreviver sem a natureza. O nico campo que deve ser deixado completamente livre para a expanso segundo a capacidade humana o do conhecimento.
Fonte: Notcias Agricolas
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