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Uma divisão justa?

13/12/2011

Aos citricultores o ônus e à indústria os bônus. É assim que vem sendo a divisão dos resultados na nossa cadeia produtiva.

Nesta safra em que houve uma recuperação pontual da produção de laranjas, as estimativas de produção brasileira, ainda pouco confiáveis, indicam que a produção total poderia atingir 495 milhões de caixas, das quais 390 milhões de caixas na área de atuação das indústrias de São Paulo. Destas 390 milhões de caixas seriam processadas em São Paulo cerca de 330 milhões de caixas. A capacidade de processamento de laranja no Brasil é estimada em cerca de 500 milhões de caixas em seis meses de safra, sendo que 90% da capacidade de processamento está em nosso estado. Desta forma, se toda a capacidade instalada estivesse em operação, a fruta disponível poderia ser processada em menos de cinco meses. Volume similar de laranja foi processado em várias safras nos últimos 15 anos e só tivemos problemas semelhantes em 1999, quando a indústria, intencionalmente, provocou a perda de parte significativa da safra, como foi amplamente divulgado e gerou uma nova denúncia contra o cartel.

O que constatamos é que as esmagadoras, além de manter fechadas algumas unidades importantes como a fábrica da Citrosuco de Bebedouro que teria capacidade para processar mais de 30 milhões de caixas, agora controlando cerca de 50% do parque citrícola, estão processando prioritariamente a sua própria produção e para isso estão liberando menos de 1/3 das ordens de colheita demandadas pelos citricultores independentes, impondo-lhes enormes prejuízos.

Essa prioridade tem profundas implicações para o produtor que tem que competir com as processadoras pela mão de obra, cada vez mais escassa, e pelo transporte. Pelo volume de fruta, controle das informações do processo, poder econômico, as fábricas têm todas as condições de arregimentar os colhedores mais produtivos. O problema é agravado pela demora na divulgação da data do início da colheita, o que impede que o produtor inicie, com a antecedência necessária, a contratação dos colhedores; isso gera custos que são aumentados pela perda de produtividade, causada pela liberação de colheita abaixo da capacidade da equipe e pela retenção dos caminhões nas filas. Os trabalhadores descontentes e a intensa disputa por mão de obra de colheita aumentam os conflitos e a rotatividade da mão de obra.

A colheita tardia e a demora na descarga da laranja provocam ainda: perdas por queda de fruta, perda de peso, maior gasto com defensivos, agravamento e maior incidência de doenças e perda de produtividade na safra seguinte. A maioria dos produtores independentes terão sua colheita terminada apenas em fevereiro quando, pela capacidade instalada, a safra poderia ser encerrada em dezembro.

Esse quadro é o resultado da concentração, verticalização e principalmente da cartelização do setor. Os produtores estão divididos entre as, agora três, processadoras que, com seus pomares próprios, dependem cada vez menos dos fornecedores e avançam no processo de eliminação dos pequenos e médios produtores, tomando sua renda e assim capitalizando-se para ampliar seus próprios pomares. Isto intensifica o circulo vicioso, sob o olhar complacente das autoridades.


Por: Flávio Viegas
Presidente da Associtrus


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