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21/03/2012
Executivo pediu demisso em carta publicada no NYT e fez uma srie de acusaes sobre o trabalho do banco.
So Paulo Perder um executivo pode ser um problema para muitas empresas. Pois o Goldman Sachs ter muitas preocupaes alm das convencionais com a sada de Greg Smith, um dos diretores da empresa que trabalhava no banco h 12 anos.
Smith pediu demisso do cargo que exercia em Londres e enviou um artigo muito franco ao The New York Times sobre sua sada, no qual expe uma srie de acusaes contra o banco que fragilizam o sistema financeiro.
O executivo disse que o ambiente do banco txico e que o Goldman continuava deixando o interesse dos clientes do mercado financeiro para segundo plano, pensando apenas nos ganhos. Posso afirmar honestamente que o ambiente aqui txico e destrutivo como eu nunca vi igual, afirmou Smith logo no primeiro pargrafo da coluna escrita durante seu ltimo dia de trabalho no banco.
Ao longo do texto escrito pelo executivo, fica claro que sua sada acontece por no concordar com a maneira como o Goldman Sachs conduz seus negcios junto ao mercado financeiro. A cultura corporativa era o ingrediente secreto que fazia desse um timo lugar e nos permitiu ganhar a confiana dos clientes por 143 anos, afirmou. No era s pelo dinheiro. Tinha a ver com orgulho e confiana na instituio, disse. Segundo Smith, essa cultura sumiu. No tenho mais orgulho ou confiana.
Smith entrou na empresa por meio de um estgio de frias e atualmente ocupava a direo da unidade americana de derivativos para a Europa, Oriente Mdio e frica. Com a mudana na cultura corporativa, afirma Smith, o cliente que acabava sendo prejudicado. Nos ltimos 12 meses, vi diferentes diretores chamarem seus clientes de marionetes, s vezes at por meio de e-mails internos, diz.
Para subir na carreira dentro da empresa, diz Smith, o que contava era produzir lucros para o banco. E isso significava, em alguns casos, oferecer produtos sem liquidez e convencer os clientes a investirem em aes ou produtos que o banco queria mesmo era se livrar por acreditar que no tinham mais potencial. Me chame de antiquado, mas eu no gosto de vender para meus clientes produtos que so errados para eles, afirmou em seu artigo.
No final de seu texto, Smith diz esperar que a carta sirva de alerta para a diretoria do banco e que o Goldman volte a tratar o cliente como o foco principal. Sem clientes, no se faz dinheiro. Na verdade, voc simplesmente no existe, alerta.
As denncias do executivo se sobressaram ao pedido de demisso em si. As acusaes esto repercutindo e sendo destacadas em veculos do mundo todo. Por meio de um porta-voz, o banco afirmou que discorda da viso expressa por Smith, que no reflete a maneira com que o Goldman conduz seus negcios. Em nossa viso, s seremos bem sucedidos se nosso cliente tambm for, disse o banco.
A m fama do Goldman
No a primeira vez que o banco acusado publicamente de indicar produtos ruins e errados para seus clientes. O Goldman j foi alvo inclusive da SEC (Securities and Exchange Commission, a CVM americana). A autarquia multou o banco em pouco mais de 500 milhes de dlares por vender um produto que empacotava ttulos podres hipotecrios. No caso conhecido como Abacus, o banco foi acusado de no explicitar exatamente quais eram aqueles ativos e quais riscos traziam.
Meses depois, foi a vez da revista Rolling Stone derrubar as aes do Goldman. Matt Taibi, editor do veculo, publicou um artigo de seis pginas com detalhes srdidos da estratgia do banco de vender ativos podres para os clientes, ao mesmo tempo em que apostava na queda dos papis.
Em setembro, o operador independente Alessio Rastani decidiu soltar o verbo em uma entrevista concedida rede de televiso britnica BBC. Em pouco mais de trs minutos de conversa, ele disse que sonhava com uma nova recesso e liberou a declarao bombstica: Esse no o momento para achar que os governos vo resolver tudo. Os governos no mandam no mundo, o Goldman Sachs manda no mundo. E o Goldman Sachs no se importa com esse plano de resgate [da Grcia] e nem os grandes fundos, disse.
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