05/04/2012 So Paulo, 5 de abril de 2012 - A capacidade ociosa das usinas sucroalcooleiras do Centro-sul deve ser de cerca de 30% em 2012, provocada por uma safra ainda baixa de cana-de-acar no ciclo 2012/2013. Esse percentual deve ser ligeiramente maior no estado de So Paulo, em torno de 32%. A anlise de Srgio Torquato, pesquisador cientfico do Instituto de Economia Agrcola (IEA), que explica que a demanda por acar e principalmente por etanol existe, mas a produo no tem acompanhado esse ritmo. "Para resolver esse problema preciso resgatar as taxas de crescimento e de produo e isso s deve voltar ao patamar anterior por volta de 2015, se os investimentos ocorrerem", projeta.
Maurcio Jorge de Souza, professor doutor da Faculdade de Economia e Administrao e Contabilidade de Ribeiro Preto (FeaRP), lembra que com menos produo no acontecem novos investimentos e a capacidade ociosa nas usinas aumenta. "O setor vive uma crise de confiana que no vivia h alguns anos", diz. De acordo com o Indice de Confiana dos Fornecedores do Setor Sucroenergtico (ICFSS-Multiplus/Fundace), medido pelo Programa de Pesquisa em Agronegcios da FeaRP USP, importante que empresas do setor tenham mais segurana na hora de tomar decises de mercado. Ainda assim, o levantamento de fevereiro aponta 0,59 ponto, o que demonstra otimismo dos empresrios. Toda leitura acima de 0,50 ponto denota otimismo, enquanto uma leitura abaixo de 0,50 demonstra pessimismo. O ndice o maior desde julho de 2011.
Segundo Souza, a indicao de um momento positivo para os fornecedores pode ser explicada pelo perodo de entressafra, quando as usinas precisam renovar maquinrio e equipamentos, e por isso a pesquisa no surpreendeu.
"Fevereiro entressafra e as usinas fazem investimentos e renovao. O setor de fornecedores est no pico", garante. No entanto, no mesmo ms do ano passado a confiana dos fornecedores do setor sucroenergtico era de 0,69 ponto, 0,10 ponto percentual acima do resultado atual. "O setor est menos otimista que um ano atrs", concorda o professor da FeaRP.
Essa queda de confiana reflete a situao que o segmento de acar e lcool vem enfrentando. At a safra 2007/2008, o setor crescia a taxas prximas de 10%, de acordo com dados do IEA. Depois disso, o crescimento ficou praticamente nulo. O pesquisador Torquato diz que h uma expectativa de pequena recuperao na produo deste ciclo, mas que os ndices de chuvas no Centro-sul, no entanto, no esto dentro do esperado. "Depois do que se viu nos registros de chuva de fevereiro e maro os dados vo ser revistos, porque no choveu a mdia histrica de outros anos e isso acaba impactando a produtividade dessa safra", explica.
A rea plantada de cana-de-acar precisa ser renovada em torno de 20% a cada ano para manter uma boa produtividade e esse percentual tem diminudo nas ltimas trs safras, aponta o IEA. "A renovao tem sido at menos da metade desse percentual, de 7% a 8%. E somam-se a isso os fatores climticos.
Essa recuperao acaba sendo lenta, cara", conta Torquato.
Souza, da FeaRP, aponta que a falta de um preo mais remunerador para o etanol nas ltimas safras tambm provoca desinteresse no plantio de cana-de-acar. "Sem remunerao suficiente no tem como atrair investimentos. A crise atrapalha a entrada de novos players", argumenta.
Torquato afirma que em So Paulo o potencial produtivo muito grande, com a cana apresentando produtividade at acima da mdia, mas falta investimento no campo e novas tcnicas de manejo. "O empresrio olha muito os retornos que ele tem. O aumento de custos e a queda da rentabilidade no estimulam a investir", conclui o pesquisador.
Andra Rodrigues / Agncia Leia Edio: Gustavo Nicoletta Copyright 2012 - Agncia Leia
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