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Indstrias de suco devero elevar produo de laranja

09/10/2006
Com os alicerces enfraquecidos por meses de desgastantes negocia?es e acusa?es m?tuas envolvendo concorr?ncia e pre?os, a cadeia citr?cola paulista ainda tenta remendar seus elos para aproveitar os bons pre?os atuais e manter sua supremacia no mercado mundial. As obras de restaura??o, contudo, n?o t?m sido simples. Acusadas de cartel pelos produtores de laranja, as principais ind?strias de suco do pa?s (Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Dreyfus) at? agora n?o sabem como dividir?o o pagamento dos R$ 100 milh?es acertados com a Secretaria de Direito Econ?mico (SDE) do Minist?rio da Justi?a e com o Conselho Administrativo de Defesa Econ?mica (Cade) para encerrar o processo de investiga??o, aberto em 1999. O processo voltou ? tona no in?cio deste ano, depois de as autoridades firmarem um acordo de leni?ncia com um ex-executivo de uma das ind?strias de suco e da opera??o da Pol?cia Federal de apreens?o de documentos nas empresas. Interligadas ?s investiga?es de oligops?nio na compra de laranja, as discuss?es sobre um reajuste emergencial dos pre?os de fornecimento da fruta para a produ??o da bebida, mediadas pelo senador Aloizio Mercadante (PT-SP), foram objeto de mais uma dezena de reuni?es, ao longo de tr?s meses, e aparentemente chegaram a um bom termo em agosto passado. Mas citricultores reclamam que nem todos os contratos de longo prazo est?o de fato sendo corrigidos e temem mais desgaste no ano que vem. O reajuste dos pre?os recebidos foi uma demanda derivada da disparada das cota?es do suco de laranja no mercado internacional, em virtude dos problemas de oferta na Fl?rida depois de duas temporadas seguidas de fortes furac?es. Dono do segundo maior parque citr?cola do mundo, depois do paulista, o Estado americano tem grande influ?ncia na forma??o de pre?os da commodity. Gra?as ao "fator Fl?rida", as cota?es do suco de laranja praticamente dobraram na bolsa de Nova York nos ?ltimos 24 meses, conforme c?lculos do Valor Data. J? a tonelada do produto vendido na Europa saltou de US$ 800, em maio de 2004, para US$ 2,2 mil, no mesmo m?s deste ano. A alta da laranja destinada ?s ind?strias tamb?m foi expressiva no mercado spot paulista no per?odo (cerca de 80%), segundo dados do Centro de Estudos Avan?ados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq). A maior parte dos contratos de fornecimento de longo prazo, por?m, ficaram para tr?s. Resumo: na temporada passada (2005/06), o valor da produ??o citr?cola (incluindo apenas a venda da fruta) nacional alcan?ou R$ 2,47 bilh?es, 20% menos que no ciclo anterior. "A defasagem contratual ? o principal problema que o setor precisa resolver", afirma Margarete Boteon, pesquisadora do Cepea e uma das maiores especialistas em citricultura do pa?s. Segundo ela, o Cepea apurou que o reajuste acertado por produtores e ind?strias na Federa??o da Agricultura do Estado de S?o Paulo (Faesp) s? est? sendo cumprido ? risca por uma companhia. As demais empresas, dizem fontes do mercado, est?o adotando o piso de US$ 4 por caixa de 40,8 quilos acertado apenas para contratos que j? venceram ou vencem este ano, muitos fixados em US$ 2,50. Nos outros casos - ? comum o prazo dos contratos ser de tr?s a cinco anos -, est? mais dif?cil, ainda que sempre existam as exce?es de praxe. Estima-se que os contratos atendem a 45% das necessidades das ind?strias, que completam sua demanda no mercado spot (20%) e com a produ??o de suas pr?prias fazendas (35%). A divis?o varia conforme a empresa e n?o s?o todos os citricultores que t?m problemas para renegoci?-los. No total, as exporta?es de suco absorvem 85% da produ??o de laranja de S?o Paulo, que representa 80% da oferta brasileira. Essa divis?o das fontes de abastecimento, contudo, deve mudar em consequ?ncia do acirramento dos ?nimos na cadeia neste ano. Citricultores e exportadores de suco concordam que a tend?ncia de verticaliza??o das ind?strias vai se aprofundar. Ou seja, a produ??o pr?pria ganhar? espa?o, ainda que exista um limite econ?mico para esse incremento. Comenta-se que a Citrosuco, do Grupo Fischer, acertou a cria??o de uma joint venture com um grande produtor que render? 23 milh?es de caixas por safra e abastecer? um ter?o de seu consumo de laranja - e ela j? tem dezenas de fazendas. Procurada, a segunda maior exportadora brasileira de suco n?o respondeu. Fl?vio Viegas, presidente da Associa??o Brasileira dos Citricultores (Associtrus), lembra que a verticaliza??o n?o come?ou ontem. As principais ind?strias de S?o Paulo, diz, plantaram 2 milh?es de p?s de laranja por ano nos ?ltimos 15 anos, ante uma m?dia anual de 350 mil ?rvores nas duas d?cadas anteriores. Com isso, afirma, o n?mero de citricultores no Estado caiu de 27 mil, em 1990, para cerca de 10 mil atualmente. Viegas admite que h? espa?o para a verticaliza??o avan?ar um pouco mais, mas afirma que h? um limite econ?mico para isso. Em seus c?lculos, a implanta??o de um pomar custa entre R$ 16 mil e R$ 20 mil por hectare, sem contar o custo da terra. O custo de produ??o, por sua vez, chega a R$ 8 mil por hectare. Considerando-se uma produtividade de 700 caixas de 40,8 quilos por hectare, o custo pode alcan?ar R$ 12 por caixa - acima do valor de alguns contratos, mesmo j? reajustados. "A ind?stria precisa do produtor, e se a verticaliza??o avan?ar muito, as autoridades poder?o restringi-la", acredita Marco Antonio dos Santos, presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga e diretor da Faesp. Mas ele concorda que os problemas de relacionamento na cadeia citr?cola e a boa fase de pre?os do segmento sucroalcooleiro s?o um convite ? troca da laranja pela cana. Jos? Luiz Cervato, diretor administrativo e financeiro da Cutrale - que participou de todas as reuni?es de reajuste de pre?os com os produtores - reitera que a verticaliza??o tem limite, mas diz que ele n?o foi atingido. Dona de cerca de 40 fazendas de laranja, a empresa no momento trabalha para expandir a irriga??o de seus pomares Fernando Lopes ? Valor Econ?mico 09/10/2006

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