- Quarta-Feira 17 de Abril de 2024
  acesse abaixo +
   Notícias +


rea de plantao de cana duplicou nos ltimos sete anos

16/07/2007
O espa?o que a cana-de-a?car ocupa na regi?o de Araraquara dobrou nos ?ltimos sete anos, chegando a algo em torno de 480 mil hectares, entre ?reas novas e em produ??o, segundo levantamento preliminar feito pelo Escrit?rio de Desenvolvimento Regional (EDR) Agr?cola de Araraquara, que pertence ? Coordenadoria de Assist?ncia T?cnica Integral (CATI) da Secretaria da Agricultura e atende 16 munic?pios. Muitas culturas t?picas da regi?o, como laranja, caf? e a pecu?ria, cederam espa?o para a cana. Alguns reflexos deste avan?o r?pido e cont?nuo j? s?o sentidos no varejo; ? o caso do pre?o do leite, que subiu cerca de 50% nos ?ltimos meses. Em um curto espa?o de tempo, a tend?ncia, segundo economistas, ? o consumidor pagar mais caro tamb?m por outros alimentos b?sicos, como arroz, feij?o e milho. ?A eleva??o do pre?o do leite ocorre porque est? faltando pasto no Estado. Onde tinha vaca hoje tem um mar de cana e isso acontecer? tamb?m com outras culturas?, avalia Paulo Cavasin, engenheiro agr?nomo do EDR, que conversou com a Tribuna sobre a monocultura da cana, fato que ele considera uma amea?a. Tribuna: Como a cana ganhou tanto espa?o na regi?o? Paulo Cavasin: A cana-de-a?car chegou em um momento oportuno para muitos produtores que estavam descapitalizados, por causa de uma crise que atingiu produ?es de laranja, caf? e tamb?m a pecu?ria, h? cerca de dez anos. Sem dinheiro, muitos agricultores trocaram mesmo de cultura. Era o espa?o que a cana precisava para invadir as ?reas de forma agressiva. Podemos dizer que, na regi?o, a citricultura foi o primeiro setor a sentir os reflexos do avan?o da cana nas suas terras? A cana-de-a?car vem tomando o espa?o da laranja durante os ?ltimos dez anos. Os custos elevados para a renova??o dos pomares e, mais recentemente, as preocupa?es com doen?as s?rias, como a greening, ajudaram neste processo. Entretanto, n?s n?o sentimos esta mudan?a t?o forte no bolso porque n?o temos h?bito de consumir a fruta como consumimos leite, por exemplo. Qual a situa??o da pecu?ria local? A perda dos produtores de leite para outros Estados foi muito dr?stica. A consequ?ncia ? o aumento do pre?o, que n?o deve ter mudan?a at? outubro, quando acontece a entrada das ?guas. A mistura de seca e falta de pastos ? desastrosa. Isso ? uma lei natural do mercado: at? se estabilizar a oferta e a demanda, n?o haver? revers?o no pre?o. Como pode ser medida a lacuna que os produtores de leite deixaram na regi?o? O Estado perdeu grandes bacias leiteiras para a cana-de-a?car. Os pecuaristas sa?ram de S?o Paulo e foram para outros Estados, como Goi?s e Paran?. Quem perdeu foram os consumidores. Em S?o Carlos existiam grandes produtores, hoje s?o poucos. Em Dourado, na d?cada de 60, eram produzidos mais de 60 mil litros de leite por dia. A partir da cana, isso foi diminuindo, passou para 12 mil litros por dia e hoje, se a produ??o chegar a mil litros por dia, j? ? muito. Todas as grandes fazendas de leite, sem exce??o, que produziam cerca de 10 mil litros por dia, migraram para a cana. E estes produtores se arrependem? N?o se arrependem porque s?o v?rios os fatores que levaram a esta troca. A falta de remunera??o do produto e a falta de m?o-de-obra especializada para trabalhar com o leite, por exemplo. O pessoal que trabalha com o leite normalmente trabalha fora de hor?rio e isso tem um custo trabalhista elevado. Com a cana, o ganho pode ser at? um pouco menor, mas n?o h? compromissos trabalhistas, o dinheiro ? livre. Existe toda uma estrutura que girava em torno do leite e a remunera??o n?o era suficiente para suprir isso. E as fazendas de leite eram em ?reas prop?cias para canaviais? Sim. A troca foi muito vantajosa para a cultura sucroalcooleira, porque a cana tomou o espa?o de grandes pastos, terras planas, logisticamente bem posicionadas. Ningu?m tira 10 mil litros de leite de uma ?biboca?. Os pastos eram os melhores lugares da fazenda. E as pessoas que trabalhavam com o leite? Em cada fazenda trabalhavam muitas dezenas de pessoas. Esse pessoal migrou para o corte de cana ou foi para outras cidades. E qual o impacto da cana na produ??o de caf? na regi?o? No caf?, a migra??o ainda acontece. Em 2005, por exemplo, eram 35 mil produtores no Estado; hoje, s?o 17 mil. E o caf? n?o est? vantajoso economicamente, por isso, podemos prever que a cana ocupar? ainda mais espa?os desta cultura. Ficar?o no mercado s? os grandes produtores, os que estiverem capitalizados e com muito produto. Nenhum produtor pequeno consegue permanecer no mercado com a cana-de-a?car crescendo do jeito que est?. Os assentados tamb?m sentem este impacto do crescimento da cana? Nos assentamentos a cana j? entrou como fonte de renda. Em Dobrada, por exemplo, muitos assentados j? plantam cana e em Araraquara est? acontecendo o mesmo. Estes agricultores est?o praticamente no quintal das usinas e a cana ? muito tentadora. Eles t?m um espa?o de terra relativamente pequeno para a cana-de-a?car, mas a cultura d? menos trabalho do que a agricultura familiar. Ali?s, a agricultura de subsist?ncia vai perder a identidade. O agricultor est? perdendo a identidade? Antes o agricultor tinha uma fazenda grande, com v?rios funcion?rios. Era uma empresa. Com a cana, o homem do campo ficou sozinho na fazenda. A cana n?o ? uma cultura que a pessoa precisa ter v?nculo com a terra. Quais as conseq??ncias sociais da cana, na sua opini?o? O desemprego ? a pior delas. Porque a cana est? tomando conta da agricultura e, daqui a poucos anos, as usinas ter?o que estar adequadas aos padr?es ambientais. Quase 100% do corte ser? mecanizado. Hoje, a regi?o tem quase 40% de m?quinas no campo e algo em torno de quatro mil trabalhadores. Esta situa??o vai se reverter e com certeza trar? problemas para as cidades; estas pessoas ter?o que, de alguma maneira, serem recolocadas no mercado de trabalho. Al?m do leite, poder? haver desabastecimento de outros produtos por conta da redu??o da ?rea plantada? N?o acredito em desabastecimento, mas os pre?os podem ficar muito caros. Hoje, o Centro-Oeste inteiro produz a maioria dos produtos que n?s consumimos; daqui a um tempo, teremos que importar alimentos de outros Estados, a exemplo do que j? acontece tamb?m com a carne. Nesse caso, os produtores de S?o Paulo destinam boa parte da produ??o para o mercado externo. ? o pre?o que se paga pelo crescimento da cana? ? o pre?o da monocultura; ?lcool mais barato e os alimentos caros. O governo est? apostando na cana como a reden??o para a economia, mas na verdade n?o ?. J? houve o imp?rio da borracha e do caf? para nos provar que isso n?o d? certo. A borracha foi instalada no lugar errado e isso fez a cultura cair. Mas a crise do imp?rio do caf? se aproxima mais da realidade da cana: o governo firmou toda a quest?o econ?mica da agricultura no caf? e uma quebra na Bolsa acabou com o sonho. Precisamos repensar este avan?o estrondoso da cana-de-a?car. Fonte: Fernanda Man?colo ? Tribuna Impressa de Araraquara

<<Voltar << Anterior


Indique esta notícia
Seu nome:
Seu e-mail:
Nome Amigo:
E-mail Amigo:
 
  publicidade +
" target="_blank" rel="noopener noreferrer">
 

Associtrus - Todos os direitos reservados ©2023

Desenvolvido pela Williarts Internet
Acessos do dia: 450
Total: 3.917.351
rajatoto rajatoto2 rajatoto3 rajatoto4 https://bakeryrahmat.com/ https://serverluarvip.com/ https://pn-kuningan.go.id/gacor898/ https://pn-bangko.go.id/sipp/pgsoft/ https://sejarah.undip.ac.id/lama/wp-content/uploads/