24/05/2010
"A concentra??o n?o produz nenhuma vantagem para o citricultor", diz Viegas
A Associa??o Brasileira de Citricultores (Associtrus), com sede em Bebedouro, no interior de S?o Paulo, promete resistir o quanto puder ? fus?o entre Citrosuco e Citrovita, duas das quatro maiores exportadoras de suco de laranja do pa?s. Anunciada na sexta-feira pelos grupos Fischer e Votorantim, seus respectivos controladores, a uni?o resultar? em uma nova l?der global do segmento, com faturamento anual estimado em R$ 2 bilh?es.

"A concentra??o [das ind?strias de suco] n?o produz nenhuma vantagem para o citricultor. Tem sido assim desde que a concentra??o come?ou, ainda na d?cada de 80. E foi assim quando a [americana] Cargill saiu da atividade no pa?s [em 2004]", afirma Fl?vio Viegas, presidente da Associtrus. Ao deixar o neg?cio, a Cargill vendeu suas f?bricas de suco de laranja no interior paulista para suas principais concorrentes.

Segundo Viegas, a unidade de Bebedouro foi fechada pelo Citrosuco logo que expirou o acordado prazo de cinco anos durante o qual ela deveria continuar rodando. J? a unidade de Uch?a, que estava praticamente desativada quando foi comprada pela Cutrale, continua a operar em ritmo bem menor do que no auge.

Considerando a f?brica de Bebedouro que est? fechada, Citrosuco e Citrovita contam, cada uma, com tr?s unidades em S?o Paulo, Estado que re?ne o principal parque citr?cola do planeta. Cada empresa tem uma unidade em Mat?o, e Viegas est? particularmente preocupado com o futuro dessas plantas. A da Citrosuco ? a maior do g?nero no mundo, mas ? mais antiga.

Resta esperar que a complementaridade das atividades das empresas reserve a unidade da Citrosuco ? produ??o do suco n?o congelado (NFC), cuja demanda internacional ? crescente, e a da Citrovita, ao tradicional suco de laranja concentrado (FCOJ), j? que o bra?o do grupo Votorantim n?o fabrica o NFC.

Como Viegas n?o pode esperar essa e outras defini?es das ind?strias, pedir? uma audi?ncia no Conselho Administrativo de Defesa Econ?mica (Cade) para tratar da fus?o. A Associtrus j? acompanha de perto a investiga??o federal que apura uma suposta forma??o de cartel entre as grandes empresas. No processo, Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus, que dominam as exporta?es brasileiras de suco de laranja, s?o acusadas de oligops?nio na compra da fruta de fornecedores independentes com o objetivo de "segurar" os pre?os.

Em m?dia, as quatro empresas de suco alimentam sua demanda de laranja com fazendas pr?prias, fornecedores independentes mantidos com contratos de entrega de longo prazo e mercado spot. S?o hist?ricas as diverg?ncias entre ind?strias e fornecedores independentes nas renegocia?es de contratos. N?o ? diferente nesta safra 2010/11, cuja colheita j? come?ou em S?o Paulo e que dever? render 286 milh?es de caixas de 40,8 quilos da fruta, segundo prev? a Cutrale.

No dia 20, conforme Marco Antonio dos Santos, presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga e da mesa diretora de citricultura da Federa??o da Agricultura do Estado de S?o Paulo (Faesp), a fus?o entre Citrosuco e Citrovita tamb?m ser? debatida em reuni?o ordin?ria da C?mara Setorial da Citricultura, em Bras?lia.

"Fus?es desse tipo s?o inevit?veis, acontecem em qualquer lugar. Mas precisaremos encontrar um entendimento", diz Santos. No dia 25, os produtores esperam ter uma reuni?o sobre as consequ?ncias da uni?o com o Secret?rio da Agricultura de S?o Paulo, Jo?o Sampaio. Nesse encontro, o processo do Minist?rio P?blico do Trabalho que devolve ?s ind?strias a obriga??o de colher a laranja, mesmo em propriedades de terceiros, tamb?m estar? em pauta.


19/05/2010 Secretaria de Agricultura - Bahia