25/05/2010
Por: Fl?vio Viegas

Na sexta feira, dia 14 de maio de 2010, os presidentes das duas empresas comunicaram a fus?o delas para formar uma nova empresa, ainda sem nome definido, na qual cada uma delas ter? a participa??o de 50%. A nova companhia ser? presidida por Tales Lemos Cubero, presidente da Citrosuco. O presidente da Citrovita, Mario Bavaresco J?nior, ser? diretor-geral e o conselho ser? dividido em n?mero igual de cadeiras.

Desde o casamento de Ricardo Erm?rio, ex-presidente da Citrovita, com uma das herdeiras de Carlos Fisher, h? rumores sobre a fus?o das empresas, por?m os rumores se intensificaram a partir do final de 2008, quando o Grupo Votorantin, que controla a Citrovita, sofreu preju?zo da ordem de US$ 2 bilh?es, vendeu 50% do banco Votorantin e contratou a Goldman Sachs para buscar um comprador para a opera??o de citros do grupo.

H? v?rios meses j? circulava no setor a informa??o de que as empresas haviam conclu?do um acordo operacional pelo qual a Citrosuco passaria a administrar os 64.000 hectares de pomares de ambas empresas e controlaria as opera?es industriais e log?sticas, ficando a cargo da Citrovita a comercializa??o dos produtos. Comentava-se at? que a produ??o de suco NFC ficaria na f?brica da Citrosuco de Mat?o e a produ??o de suco concentrado na f?brica da Citrovita de Catanduva e que a f?brica da Citrovita de Mat?o seria fechada, ainda nesta safra. O destino das demais f?bricas n?o era comentado.

A surpresa no an?ncio foi a informa??o de que a Citrovita, apesar de ser um pequeno neg?cio dentro do grupo Votorantin e ter declarado preju?zos no ano passado, optou por permanecer no setor e aportar recursos consider?veis para garantir a participa??o de 50% na nova empresa. Os citricultores n?o conseguem entender como as empresas que controlam o mercado mundial de suco de laranja, apesar da baixa rentabilidade que demonstram em seus relat?rios, mostram tanto interesse em aumentar seus investimentos num setor que elas descrevem como incapaz de competir com novas bebidas e conter a queda de demanda. Apesar disto, continuam adquirindo concorrentes, investindo em log?stica, ampliando os pomares pr?prios, entre outros investimentos. E at? poucas semanas atr?s, n?o cogitavam sequer em investir em marketing para ampliar a demanda e expandir novos mercados.

Surpreendem-se tamb?m os citricultores com o apetite demonstrado pela Coca Cola e pela Pepsi Cola em adquirir empresas de engarrafamento de suco. Essas empresas t?m investido bilh?es de d?lares em aquisi?es.

Quem est? mal informado?
Os citricultores, escaldados pelos seguidos movimentos de concentra??o do setor, que viram o setor industrial se reduzir de 14 empresas em meados da d?cada de 80 para tr?s empresas e que, neste per?odo, acumularam preju?zos e d?vidas, n?o conseguiram renovar seus pomares, viram mais de 20 mil citricultores serem expulsos do setor, viram 180 mil hectares de seus pomares serem destru?dos, n?o conseguem enxergar nada de positivo nessa fus?o e v?o lutar para que o CADE n?o repita o erro de aprovar mais essa opera??o que vai trazer mais preju?zo aos citricultores, aos munic?pios citr?colas, ao estado e ao pa?s.

Por ocasi?o da venda da Cargill, as autoridades foram alertadas para os riscos de perdas de empregos, fechamento de ind?strias, entre outros, e ainda assim aprovaram a opera??o. Agora, diante desse precedente, ser? muito dif?cil para o CADE repetir o erro.

? hora de nos mobilizarmos- citricultores, trabalhadores rurais, empregados das ind?strias, associa?es de classe, pol?ticos- para impedir a fus?o.

Precisamos restabelecer a concorr?ncia abrindo o sistema log?stico para outras empresas, reduzindo a verticaliza??o, tornando transparentes as informa?es do setor, criando um sistema confi?vel para a defini??o do pre?o da laranja, indenizando os produtores, entre outras medidas, para que o setor deixe de destruir e passe a criar, interiorizar e distribuir riqueza, como ocorreu na d?cada de 80.