06/09/2010
Estudo realizado pelo Imea confirma aumento da concentra??o de terras em MT; h? avan?o do dom?nio estrangeiro em ?reas rurais

A concentra??o de terras nas m?os de poucos propriet?rios poder? atrasar o processo de ocupa??o e colocar em risco o desenvolvimento regional. Em Mato Grosso ? Estado com voca??o eminentemente agropecu?ria - o fen?meno vem se dando de forma mais acelerada, por?m em outras regi?es do pa?s tamb?m vem aumentando o grau de concentra??o de terras.

Estudos do Incra (Instituto Nacional de Coloniza??o e Reforma Agr?ria) mostram que entre 1998 e 2008 o n?mero de im?veis rurais de propriedade de empresas, tanto nacionais como estrangeiras, passou de 67 mil para 131 mil. Nesse per?odo, o total de terras controlado por empresas passou de 80 milh?es para 177 milh?es de hectares.

Outra agravante ? a expans?o do dom?nio estrangeiro em ?reas de produ??o agr?cola. Segundo o Sistema Nacional de Cadastro Rural do Incra, quase 1 milh?o de hectares em Mato Grosso est? sob o controle dos ?gringos?, seja por empres?rios rurais, grupos ou corpora?es internacionais. O volume de terras sob dom?nio estrangeiro chega a exatos 844 mil hectares.

Na maior parte das vezes, o capital externo destina-se a subsidiar atividades ligadas ao agroneg?cio, como a produ??o de gr?os (soja e milho), al?m de algod?o e cana-de-a?car. O montante de terras sob o controle estrangeiro revela a fragilidade do sistema brasileiro, que n?o possui limita?es quanto ? ocupa??o de terras no territ?rio nacional.

Estudo realizado pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecu?ria) confirma o aumento da concentra??o de terras em Mato Grosso em levantamento realizado junto aos 20 maiores produtores do Estado entre as safras 2004/05 e 2008/10. O trabalho, denominado ?Concentra??o de ?reas para cultivo de soja?, mostra que na safra 2004/05 os 20 maiores detentores de terra no Estado plantavam em 9% da ?rea do Estado, ou seja, 533,7 mil hectares. Passadas cinco safras a participa??o desses fazendeiros subiu para 20% da ?rea plantada com soja, ou seja, 1,2 milh?o de hectares. O Imea mant?m o nome desses fazendeiros em sigilo.

Segundo a respons?vel pelo levantamento, Maria Am?lia Tirloni, o aumento da concentra??o se deve basicamente a dois fatores: ?O primeiro s?o as facilidades e benef?cios que o plantio em larga escala promove, como descontos na compra de insumos, benef?cios na venda do produto, dilui??o dos custos fixos, efici?ncia na produ??o, otimiza??o do maquin?rio e m?o-de-obra, entre outros. O segundo fator se deve ? entrada de grupos estrangeiros no Estado?.

O estudo apontou que apesar dos benef?cios do plantio em larga escala, h? algumas dificuldades que todos os produtores do Estado enfrentam, como log?stica. A maneira encontrada pelos produtores de Mato Grosso foi a mesma adotada desde a coloniza??o do Estado: o crescimento. ?O ganho de escala proporcionado pelo aumento de ?rea de dilui??o dos custos fixos tornou-se uma necessidade e certamente ser? a tend?ncia para os pr?ximos anos em Mato Grosso?, analisa Maria Am?lia.

Ela revela ainda que no rol dos 20 maiores fazendeiros do Estado existe um grupo estrangeiro. Mais: entre 30% e 40% das ?reas do Estado de soja est?o arrendados para grandes empres?rios rurais.

Para o diretor executivo da Federa??o da Agricultura e Pecu?ria do Estado (Famato), Seneri Paludo, o fen?meno da concentra??o de terras ?? uma tend?ncia mundial? e n?o vem acontecendo s? no segmento agr?cola de Mato Grosso. ?Vemos este processo se desencadear em v?rias regi?es, mas precisamos estar atentos para que n?o venha a atrapalhar o nosso desenvolvimento?.